O início

Em meados de 1993, quando tinha apenas 5 anos de idade, eu conheci o maravilhoso mundo dos games. Aquilo foi fantástico, e, de uma forma estrondosa, tais diversões causaram um impacto profundo no meu modo de vida, tanto que, até hoje, mesmo mais maduro, vivo com tais pensamentos na minha cabeça, e para ser sincero, não sinto a menor vontade de mudar este conceito e excluir tais pensamentos. Aquilo me dava ânimo e força para viver, porque naquela época, minha vida era uma merda! Juntava problemas familiares (ausência de pai, parentes na parte de mãe que só sabiam brigar e mais uma longa lista de desavenças e tragédias) e sociais! Isso sem mencionar a total pobreza em que eu e minha família vivia. Não era de se surpreender que era comum viver me metendo em encrenca; eu era um total "capetinha", que poucas pessoas me suportavam! Mas por traz daquele péssimo comportamento e ódio, escondia-se, uma criança triste e sozinha, mas totalmente despreocupada desses assuntos. O vídeo game e os animes foram uma forte fonte para mim suportar e esquecer os erros e as dificuldades; e o mais importante de tudo: o fato de que essas duas diversões me ensinaram à viver e a agir de forma sensata nos momentos fáceis e difíceis da minha vida! E também me deixou inteligente.

Dos cinco anos para frente, eu era muito sozinho... tentava fazer amigos, mas todos me evitavam ou odiavam! Também não era para menos - totalmente irritante e me estressava com facilidade! Pior ainda quando alguém tentava me bater ou me ofender verbalmente! Meu amigo leitor, era porrada na certa (se eu não desse conta de bater, tacava pedra e saia correndo. Dava nada)!

Tinha chegado um momento em que havia revoltado com isso, já estava cansado de tentar fazer amizades, mas no final, sempre acontecia à mesma coisa, ou seja, eles me ignoravam por completo, e de um jeito ou de outro, sempre acabava ficando sozinho (pior ainda era quando eu via o pai e a mãe buscar seus filhos na escola; é sério, aquilo me machucava por dentro. Nunca passei por tal cena). Decidi, então, seguir o lema: se quer ser meu amigo, que venha conversar comigo, cansei disso! A partir daquela decisão, passei a ficar cada vez mais sozinho! Os filhos da puta só me procuravam nos momentos em que iriam escolher os jogadores para o time de futebol e também para com trabalhos escolares, sobre tudo português e ciências, na qual sempre fui muito bom!

Não tardou, e eu descobri o primeiro game que joguei na minha vida: Mortal Kombat 2 (para Super Nintendo). Aquilo foi maravilhoso! Tinha brutalidade, sangue, atos malignos, boa história, cenários sombrios e uma trilha sonora pra lá de "muito doida". Para alguém que vivia em meio ao caos e a desordem, aquilo era um parque de diversões (eu adorava escutar aquela música que se iniciava na tela de seleção de personagens, na versão para SNES).

Depois disso, vieram Super Street Fighter 2 (e suas variadas versões), Final Fight 3, Capitão Comando, Bomber Man, Mega Man, Super Mario, Donkey Kong, Killer Instinct, Samurai Shodown, Sunsetriders, Metal Slug, as continuações de Mortal Kombat, Real Bout, Fatal Fury, The king of Fighters e mais uma extensa lista de games clássicos e divertidos.

Demorou um pouco para mim conseguir ficar bom, mas o que achava legal mesmo era a diversão, a forma dos cenários, as músicas! Poxa, tudo aquilo era (quer dizer, é) muito mágico. Todos os meus trabalhos escolares envolviam os games, a minha brincadeira favorita era brincar de lutar, imitando os movimentos dos personagens dos jogos, a minha vida era falar de vídeo game, tudo para mim envolvia game. O interessante é que a gente era muito pobre, e minha mãe não tinha condições de comprar um console para mim e para o meu irmão (mesmo porque, ela sempre odiou esse negócio de jogos, sendo eletrônico ou não), e então, por causa dessa questão, a gente vivia comprando aqueles álbuns de figurinhas da época (lembro que um se chamava "Geração 95", e na capa, tinha uma ilustração sanguinária do Baraka segurando à cabeça decepada de Liu Kang, ambos, personagens do game Mortal Kombat 2), e ao olharmos para as imagens das figurinhas, dava-se para matar um pouco a vontade de jogar.

Para piorar, uma vez ou outra, a minha mãe tinha que me buscar nos fliperamas, e na maioria das vezes, acompanhada de uma vara ou de uma cinta, para me dar uma sova. As vezes, dava para correr, mas em sua maioria, eu me deixava ser pego, entrando, então, numa surra daquelas bem dadas.

Mas nada que ela fizesse ou falasse iria adiantar. Depois de todas as surras, eu sempre pensava comigo mesmo:

- Amanhã eu volto de novo! Isso não vai adiantar, sua velha!

O engraçado, é que eu comecei a ficar violento nos games dos sete anos para frente. Era incrível, o fato de um pirralho como eu, arrancar inúmeros marmanjos nas disputas violentas dos arcades e consoles da época.

Por causa dos games, fui reprovado duas vezes em Matemática, mas eu nem ligo!!! Fingia que iria para a escola, e no final, acabava me desviando para os fliperamas. Acho que foi por minha causa que eles passaram à proibir menores com uniformes escolares nas casas de jogos eletrônicos, uhuahahahahaha!!!

Bem... hoje a coisa está bem melhor, tenho vários consoles domésticos e um bom PC. Posso matar a saudade a qualquer hora do dia e da noite. No entanto, atualmente tenho outras paixões, como rock pesado, animes das mais diversas formas, os estudos (e naquela época, eu odiava a escola, estudar, os professores...), minha namorada linda, os poucos parentes que eu realmente me importo e os meus bens materiais que com tanto custo eu lutará; acabei me amadurecendo, e isso me deixou mais sentimental e responsável. Mas não pensem que eu me desapaixonei dos games; até hoje, eu idolatro tal diversão, e viver sem isso em minha vida, seria como viver sem sexo ou sem comida, ou seja, eu me sentiria totalmente sozinho, faminto e inútil.

Os jogos eletrônicos, mudaram completamente o curso e as dificuldades de minha perturbada saga humana.

*Este texto foi feito para ser exposto em um Blog que eu havia criado há uns anos atrás, mas infelizmente, ele foi excluído!

Reserva Estratégica Científica
Enviado por Reserva Estratégica Científica em 26/08/2010
Reeditado em 31/03/2016
Código do texto: T2460774
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