O CUBISMO
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"A partir do Simbolismo, passando pelo Dadá e pelo Surrealismo até chegar à arte conceitual, os artistas declararam que a verdadeira função da arte não era retratar a realidade, mas representar os mundos internos da emoção, dos estados de espírito e da sensibilidade." (Amy Dempsey, Estilos, Escolas e Movimentos)
O Cubismo foi um movimento que se desenvolveu, inicialmente, nas artes plásticas, sobretudo na pintura, valorizando as formas geométricas, como cubos e cilindros, que fazem parte da estrutura de figuras humanas e dos objetos; por isso, o movimento ganha o nome de cubismo. Ao pintar, os artistas achatavam os objetos, e com isso eliminavam a ilusão de tridimensionalidade. As cores, em geral, se limitam ao preto, cinza, marrom e ocre. De todos os movimentos do século XX, é o que tem influência mais ampla.
O Cubismo, talvez o mais famoso dos movimentos de vanguarda no século XX, nasceu em Paris (1907), com o trabalho mais revolucionário do espanhol Pablo Picasso (1881-1973): a tela Les Demoiselles d'Avignon (As Senhoritas de Avignon, figura acima). Picasso retrata cinco mulheres de um bordel francês em poses sensuais. As duas mulheres do centro tem expressões andaluzas (de Andaluzia, sul da Espanha, onde nasceu o pintor), as outras três têm expressões que lembram máscaras africanas (nítida a influência da arte africana). O rompimento com a forma de ver o mundo por uma única perspectiva, adotada pela arte ocidental desde o Renascimento, pode ser exemplificada com a mulher sentada à direita: seu corpo é visto de costas e seu corpo de frente.
Além da influência da arte africana, o cubismo, também, é influenciado pelo pós-impressionista francês Paul Cézanne (1839-1906), que representava a natureza com formas semelhantes às geométricas. Essa fase, chamada de cézanniana, termina em 1910. A partir daí, começa, realmente, o cubismo. Conhecido como cubismo analítico; tem agora, a forma do objeto submetida à superfície bidimensional da tela aproximando-se da abstração. Quase no fim do movimento, de 1912 a 1914, o cubismo já é sintético ou de colagem; os quadros são compostos com jornais, tecidos, objetos e tinta. Os artistas procuram sair do abstracionismo, e tornar as formas novamente reconhecíveis.
Na literatura o Cubismo nasceu com o manifesto-síntese assinado pelo francês Guillaume Apollinaire (1880-1918), publicado em 1913, influenciando toda a poesia cubista contemporânea. Seus versos, em linhas curvas, torna-o precursor do concretismo.
A literatura cubista valorizava a proposta da vanguarda europeia: aproximar ao máximo as várias manifestações artísticas como a pintura, a música, a literatura e a escultura. Daí, a preocupação dos poetas cubistas com a construção do texto. Os versos eram compostos em linhas curvas, os espaços brancos entre as palavras eram usados de tal maneira a criar (com formas geométricas, tipo poema figurado) imagens. Preocupavam-se, também, com a impressão tipográfica.
Apollinaire defendia a liberdade das palavras e a invenção de palavras, O resultado são palavras soltas, escritas tanto na vertical, como na horizontal, sem a continuidade tradicional. Propunha a destruição das sintaxes já condenadas pelo uso criando um texto de substantivos desprendidos, em desordem, jogados de forma anárquica no texto. Incentivava o menosprezo por verbos, adjetivo e pontuação. Pregava a utilização dos versos livres, ou seja, sem a necessidade da estrofe, da rima e da harmonia. Assim, como na pintura, as colagens passaram a ser incorporadas pelos textos poéticos.
O Cubismo no Brasil só ressoa após a Semana de Arte Moderna (1922). Mesmo assim, é considerado apenas um exercício técnico. Portanto, não tivemos cubistas brasileiros, embora quase todos os modernistas recebessem influencia do movimento. É o caso de Osvaldo de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Di Cavalcanti.
Em 1918 o arquiteto francês Le Corbusier e o pintor francês Ozenfant (1886-1966) decretam o fim do movimento com a publicação do manifesto Depois do Cubismo. ®Sérgio.
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Obras Pesquisadas: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro. Petrópolis, Editora Vozes, 1973. / MEL, Gooding. A Arte Abstrata. São Paulo: Ed. Cosac & Naify, 2004. / DEMPSEY, Amy. Estilos, Escolas e Movimentos. Trad. Carlos Eugênio. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
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