Excelências da Língua Portuguesa
Separada do resto da Europa pela cadeia dos pireneus,
estende-se rumo ao oceano Atlântico a mais ocidental península
européia; a Península Ibérica. Esta região teve importante papel no encontro de vários povos. Dessa forma o povo português resultou de um antigo e demorado processo de miscigenação. A língua mais falada pelos conquistadores o latim, dominou quase toda a região.Existia o latim clássico, e o latim vulgar.
O latim clássico usado pelas pessoas cultas e gramaticalizados, era falado e escrito; o latim vulgar, usado pelo povo, era apenas falado. A língua falada nas regiões romanizadas era o latim vulgar, e dele se originou a língua portuguesa.
Convém não esquecer que já recebemos uma língua feita, com uma larga tradição literária e que aqui se cultivou antes de ser língua do povo.
A língua literária com que surgiu o Brasil independente, no século XIX,tem, incontestàvelmente,as suas raízes e seus modelos em Portugal.Adaptou-se porém ao nosso gênio e ás necessidades da nossa civilização, aqui recebeu recursos novos.
( Texto de Antônio Cândido)
E que esplêndida língua o Brasil nos deve! Todas as raças que passaram por este canto da terra, aqui deixaram a flor e o ideal da sua alma. Desde a povoação céltica e a colonização grega, de que tantos vestígios restam ainda nas nossas províncias do Norte, até a invasão dos árabes que envolveram toda a civilização da península numa etérea poeira de luz e ouro, - as imigrações sucessivas e as conquistas supervenientes contribuíram, todas, para a formação desta língua admirável que, sob muitos aspectos, não tem superior no mundo. Serve a tudo: á epopéia e ao idílio, á lamentosa elegia e ao cântico de guerra. Passada pelas cordas
de uma lira, é suave e doce como a voz do amor;assoprada na tuba épica, é vibrante, sonora e grandiosa ou terrível, segundo os temas que versa, as ações que canta ou os heróis que celebra.
O sol doura-a, ilumina-a, aquece-a; e a nossa paisagem tão variada e linda, tão florida e perfumada, reflete-se nela como na superfície clara dos nossos rios, e nas ondas, de tanta côr,
que o mar estende por estas praias. Translada ao sul da América, não perdeu o caráter grave,
nem a têmpera máscula, nem o tom de profunda indefinível melancolia que lhe imprimiu a esforçada e trágica aventura de nossos avós; e ainda adquiriu preciosos elementos de encantadora suavidade, de frouxa, dolente e maviosa ternura.
(Extraído do livro Língua Pátria pag.63, discurso, Texto de Antônio Cândido)
Separada do resto da Europa pela cadeia dos pireneus,
estende-se rumo ao oceano Atlântico a mais ocidental península
européia; a Península Ibérica. Esta região teve importante papel no encontro de vários povos. Dessa forma o povo português resultou de um antigo e demorado processo de miscigenação. A língua mais falada pelos conquistadores o latim, dominou quase toda a região.Existia o latim clássico, e o latim vulgar.
O latim clássico usado pelas pessoas cultas e gramaticalizados, era falado e escrito; o latim vulgar, usado pelo povo, era apenas falado. A língua falada nas regiões romanizadas era o latim vulgar, e dele se originou a língua portuguesa.
Convém não esquecer que já recebemos uma língua feita, com uma larga tradição literária e que aqui se cultivou antes de ser língua do povo.
A língua literária com que surgiu o Brasil independente, no século XIX,tem, incontestàvelmente,as suas raízes e seus modelos em Portugal.Adaptou-se porém ao nosso gênio e ás necessidades da nossa civilização, aqui recebeu recursos novos.
( Texto de Antônio Cândido)
E que esplêndida língua o Brasil nos deve! Todas as raças que passaram por este canto da terra, aqui deixaram a flor e o ideal da sua alma. Desde a povoação céltica e a colonização grega, de que tantos vestígios restam ainda nas nossas províncias do Norte, até a invasão dos árabes que envolveram toda a civilização da península numa etérea poeira de luz e ouro, - as imigrações sucessivas e as conquistas supervenientes contribuíram, todas, para a formação desta língua admirável que, sob muitos aspectos, não tem superior no mundo. Serve a tudo: á epopéia e ao idílio, á lamentosa elegia e ao cântico de guerra. Passada pelas cordas
de uma lira, é suave e doce como a voz do amor;assoprada na tuba épica, é vibrante, sonora e grandiosa ou terrível, segundo os temas que versa, as ações que canta ou os heróis que celebra.
O sol doura-a, ilumina-a, aquece-a; e a nossa paisagem tão variada e linda, tão florida e perfumada, reflete-se nela como na superfície clara dos nossos rios, e nas ondas, de tanta côr,
que o mar estende por estas praias. Translada ao sul da América, não perdeu o caráter grave,
nem a têmpera máscula, nem o tom de profunda indefinível melancolia que lhe imprimiu a esforçada e trágica aventura de nossos avós; e ainda adquiriu preciosos elementos de encantadora suavidade, de frouxa, dolente e maviosa ternura.
(Extraído do livro Língua Pátria pag.63, discurso, Texto de Antônio Cândido)