O SER QUE É !
Por obrigação acadêmica, escrevi há pouco tempo uma peça de três laudas sobre “O Ser Que É” para o professor da cadeira de ontologia da Faculdade de Teologia Umbandista.
Completamente surpreso com o tema, “tremi nas bases”; não sabia mesmo o que o professor queria dizer e aonde queria que chegássemos com tal propósito.
Meu Deus! Gelei!
A nossa faculdade é convergente, e o que ele queria saber era a nossa origem divina.... nossa! A coisa era mesmo séria!
A minha cabeça ferveu; o meu final de semana foi longo e angustiante!
Dentro da minha inquietação, busquei livros e mais livros e nada!
Não conseguia concatenar as idéias e o desespero foi tomando conta de mim.
Tornei-me um ser insuportável perante a minha família naquele final de semana...!
Arrrre! Que droga! Estou completamente desorganizado.
Esse professor parece que é doido...
O Ser que É...
ora! O que é o Ser que É?
O Ser que É é, e pronto. Tá respondido.
Onde já se viu querer saber o que é o Ser que É?
O Ser que É, é!
Ele mesmo já está dizendo..., que o Ser é. Ou não é?
Ummm! Será que o Ser que É, não é? Só está?...
Espere ai! Se não é, não é...
Então, não é, só está.
Nossa! Quantas dúvidas!
Aquele Ser que aparentemente não era, era. Pois teimava em não me abandonar.
E quanto mais eu pensava mais dúvidas surgiam, e nada acontecia que desbloqueasse a minha mente.
Já atingindo um estado de semi-alucinação, quase me afogando na minha própria ignorância, pois não tinha conhecimentos para dar início à tarefa tão magnânima, me larguei num canto, e eis que de repente,comecei a pensar em várias formas para começar a escrever o texto do "homem", mas nada conseguia.
Ufa!... Que desespero.
Então, acuado, fui me deitar.
O Indivíduo que habita a minha "gaiola de ossos", carrega um tipo de covardia suigênere, quando se encontra acuado corre para deitar-se, e foi nessa ida à cama, resmungando consigo mesmo, que resolveu enfrentar a questão e não desistir da tarefa. Mesmo porque não tinha como isso acontecer, era zero na certa.
Tinha que ter um começo. Haveria de ter uma saída. Pois, tudo na vida tem um princípio, e não seria esse tal de "Ser Que É", que mudaria a regra!
Então resoluto, pensei nas histórias famosas de amor, tais como: Romeu e Julieta (Shakespeare), e o encontro maravilhoso daquelas almas gêmeas, não deu certo; aquele encontro tinha ocasionado a morte de ambos, e aquelas mortes se deram porque as condições de nossa existência não permitem a realização de um amor tão perfeito, um amor tão absoluto. Meu Deus, e agora...!
Então, pulei para o morro dos ventos uivantes (Emily Brontë), uma belíssima história de amor imortal, passada nas charnecas de Yorkshire na Inglaterra do século XIX e que conta o amor feroz e atormentado entre Cathy e Heathcliff, que se perderam um no outro, cada um possuindo o espírito do outro junto com o próprio. E quando Cathy morre de parto, Heathcliff grita, louco de dor: “Não posso viver sem a minha alma!”
O grito de dor de Heathcliff me despertou, pois, verifiquei que minha agonia de certa forma era compreensível, pois, a aprendizagem, no início, causa tribulações, para depois surgir a harmonia, que reverenciamos como paz de consciência.
Nada se faz pronto, para se fazer um edifício, engenheiros trabalham horas a fio em desenhos e cálculos, representando a teoria, para depois surgir o edifício como foi idealizado, com a execução das idéias. Assim se processa no campo das reformas morais da humanidade: o Cristo de Deus comanda uma plêiade de Espíritos iluminados, enviando-os a todos os cantos do mundo com determinada mensagem para cada povo, mas todas elas se fundamentam no amor, que se divide em variadas virtudes, de acordo com as necessidades humanas.
É importante destacar que esses heróicos amantes de almas gêmeas me ajudaram, pois, fornecem inspiração para todos nós. São modelos para todo mundo, para o futuro próximo e distante, futuros esse que dispara em nossa direção.
Então, comecei o trabalho dizendo que não tinha condições de discorrer sobre o tema em profundidade por pura incapacidade intelectual e falta de conhecimento filosófico, mesmo porque, estava no início do curso, e em tais condições, o meu intelecto ainda não havia se desenvolvido naquela direção.
Afirmei, entretanto, que quem procura estudar e compreender as leis de Deus, as leis Universais, manifesta em si o desejo de melhorar e dá o primeiro passo para a própria libertação espiritual; e foi buscando esta libertação espiritual que retornei ao tema, já não tão cheio de dúvidas e sim de muita inquietude pelo sentimento de incompletabilidade; passei então à pesquisar sobre a concepção da vida física e espiritual e, como as complicações da Criação são simplificadas para nós pela visão de filósofos, poetas e cientistas, fui banhar-me neles.
De início dei de cara com PARK, 1915, que enfatizou que “o homem não nasceu humano. Apenas lenta e trabalhosamente, em fecundo contato, cooperação e conflito com seus semelhantes, é que logra as qualidades distintivas da natureza humana.” .
Opa! Se não é humano, é espiritual.. (g.n).
Continuando, fui jogado dentro da tese do Plotino, “o Transbordamento do Ser” e do Sócrates, também. “A Causa eficiente”.
O Plotino diz que “O Uno transbordou e sua superabundância produziu algo diverso dele mesmo”. “O que foi produzido voltou-se de novo para a sua origem e, contemplando-a e sendo contemplado por ela preenchido, tornou-se a inteligência”.
Já o Sócrates por seu turno, dizia: “Nem Deus e nem a natureza exterior diziam respeito à pessoa humana, desta cuidando ele em primeiro lugar”. Considerava ainda, que o corpo humano se origina do grande corpo do universo, pois se apresentam ambos materiais, uns e outros sujeitos ao mesmo mecanismo. Não lhe parece explicável que a inteligência possa brotar de um ser sem inteligência. E assim a inteligência humana seria criada, ou pelo menos emanaria de uma outra inteligência superior, DEUS.
A natureza de Deus para Sócrates é antes de tudo espiritual, por causa de sua condição de ser superior. O atributo da unidade de Deus é deduzido da unidade (o transbordado) do mesmo universo; provado que esta unidade exige um Deus, e, ocorrendo que, com um só Deus, tudo estaria explicado. Segundo ele, há coisas que se dividem, que são os corpos; as que não se dividem, que são as almas.
O Ser Que É, na carne é uma metamorfose, alma e espírito, pois, a Metempsicose (imortalidade da alma) nos faz ver como um dos contrários sempre costuma nascer do outro, como a coisa que aumenta tem necessidade que antes fora menor para adquirir depois o aumento. Distinguiu Sócrates entre corpo material e alma, conforme o dualismo. Para ele, a alma se apresenta como uma substância específica imaterial (espírito), não composta (simples), essencialmente distinta do corpo material. Ele tentou provar esta especificidade espiritual através das propriedades, alegando ser elas simples, dotadas de movimento próprio e de conhecimento. Na base destas propriedades seria a alma um ser específico.
Opa! Estão notando? O Ser que É começa a dá as caras. Ele já está nos dizendo que nós não somos nós. Que nós somos um ser divino, residentes lá em cima, na “Casa de Deus”, e assim, somos o Ser que É, e que aqui, na carne, só estamos.
Da simplicidade da alma, concluiu Sócrates para a sua imortalidade. Ocupa-se, pois em considerações sobre a simplicidade. A alma tem com a espécie invisível (espírito) mais semelhança do que o corpo, mas este (espírito) tem, com a espécie visível (corpo), mais semelhança do que com a alma.
Lembrei-me também dos ensinamentos do SENHOR 7 - Mestre Orishivara, que nos ensina que o nosso corpo físico não é feito aqui na terra e sim, no plano astral pelos Senhores Arquitetos das Formas. É lá que somos prototipados; aqui no plano físico, neste mundo das formas e das ilusões, simplesmente recebemos a roupagem, a couraça, o corpo de carne, a sombra do Eu Astral; é como a reprodução do sol da manhã que nos projeta para frente para que possamos nos enxergar. Nós somos como ser físico a forma arquetipada do astral.
Voltando ao Plotino, e com tudo isto já armazenado na mente, pôde compreender que o “Ser Que É”, é o Não-Ser físico, é o ser espiritual; vejamos o que ele diz:
“Quando (O SER) se tornou algo diverso dele mesmo era diferente, mas quando foi produzido, voltou-se de novo para a sua origem e, contemplando-a e sendo contemplado por ela foi preenchido”.
Desse modo compreendi que Plotino quis dizer que no momento do transbordo, aquele Ser parido era finito, e ao parar e contemplar o Uno tornou-se infinito, porque passou a ser o próprio Uno, uma minúscula parte Dele, uma centelha. E buscando amparo no segundo argumento socrático, o da imortalidade da alma, essa tese se encorpa ainda mais, pois Sócrates, por meio de Platão, afirmava que. “Aquilo que se move a si mesmo é imortal”; ora a alma move-se a si mesma; logo a alma é imortal.
“O Ser Que É”, é o ser essencial, é o resultado do transbordo do Uno, é o próprio Uno na essência. Pois que, toda alma é imortal, porque se move a si mesma, e o que move uma coisa e é por outra movida, anula-se uma vez terminado o movimento.
“O Ser Que é", não é físico, é a essência do Uno; pois, tudo que temos ou julgamos ter nos será tirado amanhã quando cessar o movimento e, do “Ser Que É” nada se tira, ele é o início sem fim, é algo que não se formou, sendo evidente que tudo que se forma, forma-se de um princípio. Este princípio de nada proveio, pois, que se proviesse de uma outra coisa, não seria princípio. Sendo o princípio coisa que não se formou, deve ser também, evidentemente coisa que não pode ser destruída. Se o princípio pudesse desaparecer, nem ele mesmo poderia nascer de uma outra coisa, nem dele outra coisa, porque necessariamente tudo brota do princípio, como bem já nos ensinava o Rei Salomão.
"... Eternamente Ele teve o principado, desde muito antes do Sol, das Estrelas e da Terra".
“... Antes dos abismos, fomos gerados Ele e Eu por nós mesmos, surgidos da nossa própria vida eterna”.
“... Antes que fossem os mares das muitas águas”.
“... Antes que os montes fossem fundamentados”.
“... Antes que as nebulosas fossem mães de sóis e de estrelas”.
“... Quando nasciam do Ele e do Eu eternos, os Céus se estendiam como dosséis sobre os abismos”.
O "Ser Que é", sou eu mesmo! Porque no fim do nada, Ele e Eu Eternos, já dávamos ordens às nebulosas para que desse à luz seus filhos, os astros radiantes. Ele e Eu Eternos, já estávamos unidos, nascemos juntos, geramo-nos a nós mesmos e vivemos Eternamente em amor.
Tudo bem! Através do Plotino, do Rei Salomão e outros tantos, já entendi que o “Ser Que É’” é o Ser Espiritual, o indissolúvel, o indivisível, o infinito, a partícula que compõe o Universo;
Além de tudo isso e através da biologia (reprodução humana), a coisa começou a clarear mais ainda, destramelando a minha mente e liberando o raciocínio e o pensamento e a partir daí o significado da frase (“O Ser Que É”) tornou-se mais compreensivo, pois, pude ver que o “Ser Que É” é o “Não-Ser!” É o início, o transbordo do Uno.
Porém, surge uma pergunta! Como surgiu a primeira vida física? Sendo o “Ser Que É” a representação espiritual do Eu, portanto fluídico e imperceptível, como conseguiu a materialidade para si dar forma? E quem “carnou” o protótipo vindo do céu?
A Ciência, escavando os arquivos da Terra, reconheceu a ordem pela qual os diferentes seres vivos apareceram em sua superfície, e esta ordem está de acordo com aquela indicada na Gênese, com a diferença de que esta obra, ao invés de sair milagrosamente das mãos de Deus, em algumas horas, se realizou sempre pela sua vontade, mas segundo a lei das forças da Natureza, em alguns milhões de anos. A Ciência, longe de diminuir a obra divina, nos mostra sob um aspecto mais grandioso e mais conforme as noções que temos do poder e da majestade de Deus, pela razão mesma de se cumprir sem derrogar as leis da Natureza.
Pasteur, por sua vez, nos diz que a vida sempre se origina de outra vida, por reprodução. Assim sendo, a pergunta continua sem resposta, pois, para se reproduzir, precisa-se de uma matriz; e de onde surgiu a primeira matriz? o primeiro ser vivo? Se pegarmos como exemplo a questão bíblica do primeiro homem, na pessoa de Adão, como única fonte da Humanidade, a pergunta ainda não estar respondida; de onde veio Adão? Como surgiu aqui?
Acredito que o que Pasteur demonstrou com seus estudos é que, nas circunstâncias atuais, não nascem organismos vivos de matéria bruta como outrora, existindo hoje todas as matrizes e que antigamente nasciam-se por meio de matéria bruta – entenda matéria bruta como sendo seres vindos prontos para a Terra e daí por diante se transformando em matrizes. Eis que, a vida deve ter surgido pelo menos uma vez, por um tipo de “geração espontânea” muito especial.
A ciência já muito nos ajuda a compreender as coisas de Deus e foi perguntando a nossa ciência, que tipos de moléculas são necessárias para “fabricar” um ser vivo, que comecei a obter a resposta para melhor entender o ser espiritual, pois, além da água e dos sais, das substâncias orgânicas, tais como: carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos e as complexidades dessas macromoléculas em forma de edifícios complicados, que ainda são constituídas por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio (verdadeiras bombas ambulantes), forçando-nos a formar uma idéia a respeito de Deus, o magnífico arquiteto que nos dotou de todos os elementos universais para que nos sentíssemos completamente integrados a natureza divina.
Todos esses elementos da nossa constituição, segundo os cientistas terrenos, se encontravam presentes na atmosfera da terra primitiva, que era provavelmente constituída por: Vapor de água (H2O), Amônia (NH3), Metano (CH4) e Hidrogênio (H2). Admite-se modernamente que estas substâncias, em certas condições e com certas fontes de energia, poderiam ter sofrido combinações químicas ao longo dos tempos, originando moléculas cada vez mais complexas.
Por assim dizer, O "Ser Que é" sou Eu, homem terrestre e universal, uma pequena partícula de Deus, sou do mesmo modo que fui desde o princípio, o "Ser" que povoa todos os globos a girarem como borbulhas nos abismos do infinito. Sou o filho legítimo de Deus, o seu representante legal em qualquer setor do universo, onde eu estiver Ele se fará presente, até mesmo nas profundezas do Inferno, pois, tudo é Deus e a Ele tudo pertence, pois, Ele tudo criou e permanece ao lado de toda a sua criação, Eu sou o próprio transbordo do Uno em constante movimento, o seu prolongamento, a sua forma viva, a imagem palpável. Eu sou Ele nas virtudes, como sou na insignificância e na magnitude da evolução, pois me principiei na forma física tal qual uma ameba, um animal unicelular, e de célula em célula me projetei na imagem do criador, não importa se no início fui uma ameba de vida livre e hoje uma parasita que necessita do colo uterino para se desenvolver e se sustentar na sua existência! O que importa mesmo é que chequei de transformação em transformação ao modelo arquitetado pelo Astral.
“O Ser Que É” (O Espírito), após assinar a ata de transporte astral e receber a autorização para o embarque faz a sua entrada triunfal no nosso plano com o seu esplendoroso exército de mais de trezentos milhões de Seres auxiliares.
Aqui na Terra a unidade da vida recebe a sua primeira forma física, a qual denominamos espermatozóide e vai de encontro a sua mãe, a sua matriz, ao seu meio de transporte, o homem.
Como a minha intenção não é desmerecer, muito menos ofender a dignidade de quem quer que seja, abro um parêntese, para justificar-me junto aos meus irmãos de pensamentos contrários ao aqui exposto, mesmo porque não estarão de tudo errados na discordância, uma vez que biologicamente é necessário para a reprodução animal, na sua quase totalidade, o encontro do espermatozóide com o óvulo. Deixo claro, que não tenho nenhuma pretensão (por enquanto de quebrar esta tese), mesmo porque, não possuo ainda os elementos científicos e espirituais necessários para sustentar tal afirmação.
Contudo, digo que o Ser espiritual ao chegar a Terra para encarnar ou reencarnar na condição humana-física, o seu primeiro contato é com o homem.
Esse homem-mãe é a hospedagem obrigatória do Ser Espiritual, é um tipo de hierogamia (casamento sagrado) entre o céu e a terra, cuja consideração principal é o resultado da criação cósmica.
Segundo está contido na obra de MIRCEA ELIADE – MITO DO ETERNO RETORNO, (...) “o mito cósmico serve como modelo exemplar não apenas nos casos dos matrimônios cujo propósito é a restauração da integridade total; por isso é que o mito da Criação do mundo é recitado em conexão com as curas, a fecundidade, o nascimento de uma criança, as atividades agrícolas, e assim por diante”.
Na reprodução humana principalmente na forma convencional (copulação), o homem é quem transporta o Ser Sagrado até a mulher para dar início ao drama sagrado do Cosmos – a legitimação dos atos humanos por intermédio de um modelo extra-humano; é como a repetição cosmogônica da fertilização da terra; o céu cobre a terra e nela planta a semente que germinará. O possuidor da semente é o céu e não a terra; a terra caberá o papel de germinar a semente e desenvolver a árvore. Na cosmogonia o homem é o possuidor da semente divina e limita-se a repetir o ato da Criação. No Satapatha Brahmana, a terra é comparada com o órgão feminino da geração (Yoni) e a semente ao sêmem masculino.
Em resumo, podemos diz que é através do homem-mãe que o Ser Espiritual encasulado (espermatozóide), de fórmula definida (XX ou XY), sai em busca da sua nova roupagem: este encontro se dar na câmara secreta (canal uterino) e lá fica a cama nupcial da deusa, (óvulo).
O momento do encontro dos dois elementos essenciais á vida é por si só sagrado, pela reprodução mítica e hierogâmica do ato, como também é consagrada pelo esforço, dedicação, prazer em servir e obediência total dos Seres Auxiliares do “Escolhido” (os espermatozóides), mais de trezentos milhões deles, cuja função é abrir uma passagem para o “chefe”, o que fazem com dedicação, honradez e muito prazer.
A união divina desses dois elementos (espermatozóide/óvulo) garante a fecundidade terrena, o caráter sagrado do ritual e sua justificação na hierogamia; quando Ninlil deita-se com Enlil, a chuva começa a cair (copulação); chuva de seres espirituais, trezentos milhões, que inundam a deusa, envolvendo-a completamente e dando início ao processo de cavagem do túnel para a simbiose, onde espermatozóide e óvulo se fundem e se transformam em ovo ou zigoto.
Nesta descida evolutiva o Espírito (O Ser Que É), trouxe consigo altas entidades espirituais, que o conduziram com especiais cuidados ao interior do Ser-Mãe (homem) e por lá permanece até o momento do plantio.
Esses espíritos de alta hierarquia que acompanham o Ser na descida para a evolução cuidam de todos os detalhes na sua preparação para o encarne no nosso plano físico e especialmente da outra metade do par (mulher), estudam os efeitos que poderiam causar a simbiose da força estelar com o óvulo materno e os efeitos que poderiam surgir a partir dai, na integração das almas com a ciência e o amor.
Todos os seres são conduzidos para a Terra por enxertos divinos, já nesta ocasião os futuros pais estão escolhidos, porém, ao chegarem a terra, esses seres são conduzidos diretamente para o homem e lá são depositados, sendo ele (homem) responsável pela transposição desses serem para a mulher, que em comunhão carnal e divina gerará esse ser em formato humano palpável, dando-se assim, continuidade ao processo evolutivo e ao cumprimento da Lei Divina.
Volto a afirmar que aqui ninguém nasce, surgimos através dos benfeitores da eternidade, vindos de variados mundos, que são condutores de protogametas, que na sua grande maioria são aproveitados no momento da cópula, outros ainda são introduzidos com a original intervenção do homem na inoculação artificial, sem, contudo, desrespeitar a lei da genética e a da moral.
Fica bem claro que o “Ser Que É” na face da Terra, possui dualidade, ele é de natureza humana e divina ao mesmo tempo, por ser filho do homem e de Deus.
O Ser espiritual, em forma de semente que, na nossa linguagem científica, se chama espermatozóide, é trazido para a terra por espíritos condutores de alta hierarquia e acompanhado de um grande cortejo que tem a precípua função de auxiliar na tarefa inicial, ou seja, a de cavar a passagem no óvulo, utilizando as ferramentas por nós denominadas enzimas, em deveres retamente cumpridos na esteira do tempo.
O ovário, mostrando-se ocupado, sensibilizado pela glória da grandeza do ato, recebe ordens e faz cumpri-las, permitindo a cavoucação dos seres auxiliares, rompendo-se como por encanto e desprendendo, por lei da natureza, um microvolume ovalado, que mostra por dentro um núcleo de coloração pálida, seguido por uma matéria transparente.
À medida que se dá a aproximação dos dois elementos da vida, o espermatozóide e o óvulo, intensifica-se em ambos a vibração, como se fossem altas correntes elétricas, correndo pelos fios de uma estação geradora, e redistribuindo-se para todas as ramificações que lhes cabia beneficiar.
Na ótica espiritual, essa aproximação, é como que minúsculos tentáculos nascendo do óvulo à guisa de braços, como também no microgameta, dando-se a simbiose espiritual.
É um grande espetáculo, esse da natureza, ao mesmo tempo humano e divino!
É exatamente nesse momento, onde um mesmo ser se divide por duas naturezas e se integra como sendo uma só unidade psicofísica, que o ser humano se abraça pela primeira vez; podemos notar na contextura genética, que elas abre-se como se fossem dois lábios divinamente estruturados e, naquele aconchego divino e humano, manifesta-se o primeiro amor de si para consigo, como que num suave beijo, onde um se integra ao outro, para a formação do instrumento humano. É nesse momento que são atados o primeiro laço do Espírito ao seu futuro corpo.
Depois da fecundação realizada com a ajuda do “exército” de espermatozóides, começa o óvulo fecundado a ser conduzido para o útero, iniciando-se a marcha sagrada dos sete dias, com a sua estrutura toda transformada, em busca do seu leito onde, por lei divina e humana, transformar-se-á em um ser humano. O grande milagre da natureza, a cuja força as células obedecem, até hoje deslumbra a todos os que a ele se dedicam, por sua perfeição e faz calar até os próprios sábios. É que ali está o Espírito, chama divina, o verdadeiro “Ser Que É”.
Assim, o "Ser que é", mesmo mergulhado no corpo carnado e transformado no Eu mesmo, vivendo as ilusões dos sonhos, em determinado momento essa alma retorna ao seu lugar e passa a viver em comunhão com o "Ser Que é", "O Espírito Santo".
A vida continua sobremaneira grandiosa! Cada vez que a alma se eleva, mais na vida se encontra; cada vez que se descobre o arcano da natureza, mais mistérios aparecem em nossos caminhos e mais esperança cresce em nossos corações.
O homem limita-se a repetir o ato da Criação...
O “Ser que é” (Espírito) quando habita a terra na forma humana, já o faz por tempo pré-determinado. Neste momento, o Ser Não É!
GÊNESIS 6:3 –
Então, disse o SENHOR: o meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal: e os seus dias serão cento e vinte anos.
Meus Irmãos, esse negócio de querer personalizar o SER não passa de uma grande bobagem. O que chamamos de Ser aqui no mundo das formas e das ilusões, na realidade não passa da “persona”, da manifestação desse Ser, que é uma entidade que não tem rosto, nome ou endereço. O Ser Que É somos todos nós. O Ser Que É nada mais é do que a interação espontânea e permanente de todas as coisas, em todos os momentos. Parmênides vai então afirmar toda a unidade e imobilidade do Ser. Fixando sua investigação na pergunta: “o que é”, ele tenta vislumbrar aquilo que está por detrás das aparências e das transformações. Assim, ele dizia: “Vamos e dir-te-ei – e tu escutas e levas as minhas palavras. Os únicos caminhos da investigação em que se pode pensar: um, o caminho que é e não pode não ser, é a via da Persuasão, pois acompanha a Verdade; o outro, que não é e é forçoso que não seja, esse digo-te, é um caminho totalmente impensável. Pois não poderás conhecer o que não é, nem declará-lo.” Segundo os ensinamentos de Parmênides, toda nossa realidade é imutável, estática, e sua essência está incorporada na individualidade divina do '''Ser-Absoluto''', o qual permeia todo o Universo. Esse '''Ser''' é onipresente, já que qualquer descontinuidade em sua presença seria equivalente à existência de seu oposto – o '''Não-Ser'''.
Esse '''Ser''' não pode ter sido criado por algo pois isso implicaria em admitir a existência de um outro Ser. Do mesmo modo, esse Ser não pode ter sido criado do nada, pois isso implicaria a existência do “Não-Ser”. Portanto, o '''Ser''' simplesmente É.
Teofrasto, relata assim esse raciocínio de Parmênides: “O que está fora do '''Ser''' não é Ser; o Não-Ser é nada; o '''Ser''', portanto, é '''Um'''.”
Bem, este é o Ser Que É na minha visão !
Pois o que é adere intimamente ao que é. Mas, imobilizado nos limites de cadeias potentes, é sem princípio ou fim, uma vez que a geração e a destruição foram afastadas, repelidas pela convicção verdadeira.
SP. Maio de 2005.