TEORIA DA LITERATURA – A NARRATIVA
Mais do que contar histórias, o ato narrativo permite ao ser humano comungar de suas experiências, seus medos, suas aventuras, enfim, sua vida com o outro. A existência humana é uma grande narrativa: desde o nascimento até a finitude do corpo, passamos por uma sucessão de acontecimentos povoados de seres e ações, num espaço e tempo concebidos pela mente. Das pinturas rupestres, retratando o cotidiano dos nossos ancestrais, até a presente era digital, fluindo tecnologia e versatilidade em fração de segundos, a atividade narrativa fez, e anda faz, parte da peregrinação terrestre humana, como manifestação de suas crenças, temores, feitos e de sua própria história. Foi dominando a palavra que o homem abriu as portas para uma visão mágica de mundo, tomando posse de um poder criador capaz de transmitir sua essência por registros que venceram o tempo, nos traçados da escrita.
FICÇÃO – O universo fantasioso residente no pensamento imaginário humano. Um mundo pautado da realidade concreta, embora independente e dinâmico interiormente.
REFERENTE – A manifestação verdadeira das coisas e dos seres, “palpável” à consciência humana. O que existe de fato.
DIEGESE – É a formulação, mentalmente antecipada, da narrativa. A história no seu estagio de pré-concepção.
DISCURSO NARRATIVO – A estruturação da diegese finalizada. A expressão viva e linguística da mesma. O texto em si.
ENREDO – A trama que norteia o desenvolvimento diegético. A configuração discursiva do texto (organização da história).
Exposição: Ambientalização da história (situa o leitor e o deixa ciente sobre o objeto narrado);
Conflito: Desarmonia provocada por elementos opostos, em tensão, que desencadeia o fluir narrativo;
Complicação: O “amadurecimento” dos fatos narrativos que conduzem a um estado crucial. A decorrência narrativa.
Clímax: O ponto culminante da trama. Neste momento, a conflito é encaminhado para uma solução, confortável ou trágica;
Epílogo: Encerramento ou arremate da narrativa. Nele, o conflito é resolvido, com a presença de redenção ou pena punitiva.
AÇÃO – Todo o agir atuante dos personagens na história.
Externa: Movimento claramente identificado no meio físico. Quando há fluência predominante da ação externa na narrativa, diz-se que nela há intensidade, o que imprime rapidez à mesma.
Interna: Agitação efetivada no âmbito mental das personagens. Ocorre consciente ou inconscientemente. Como caráter da ação interna está a densidade, que configura ao texto uma lentidão no transcorrer dos fatos.
PERSONAGENS – Seres atuantes dentro da obra narrativa. Os agentes efetivos da história.
Protagonista: Personagem de maior importância na história e, sobre a qual, é tecida a narrativa. O móvel da maioria das ações;
Herói: Visto como um ser superior, de boa índole e submetido aos princípios apreciados como corretos;
Anti-herói: Sem competência para exercer o papel heroico. É despido de aspectos superiores, inerte à sua condição, imperfeito em qualidades e, por vezes, não regulado pela moralidade oficial.
Antagonista: O chamado “vilão”. É contrário ao propósito do protagonista. Impede a realização deste.
Secundários: Sem grande atuação na trama, eles dão suporte à história, tecendo ações em torno das personagens principais.
Redondos: Imprevisíveis em suas atitudes: De comportamento contraditório, mostram variação de sentimentos e atitudes em suas ações e em sua interioridade psicológica;
Planos: Permanentes em sua conduta. Seu caráter e suas atitudes se mantêm inalteradas ao longo da narrativa.
TEMPO – A sucessão de momentos, que envolve as noções de presente, passado e futuro, que alicerça a realização de uma ação.
Cronológico: Aquele mensurável. Marcado por períodos precisos (dias, meses, anos, horas, minutos, segundos, séculos, uma tarde, à noite, pela manhã, etc.)
Psicológico: Aquele “não-humano”, que não pode ser medido. Ocorre somente no meio psíquico do personagem. O que parece uma eternidade mentalmente, na verdade, são instantes no mundo exterior.