QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE AS LIRAS DA PRIMEIRA PARTE E AS DA SEGUNDA PARTE?

Na primeira parte Gonzaga defende-se de que estaria velho para Maria Dorotéia(Marília) e não teria bens de fortuna a sua altura.A família de Maria Dorotéia se opõem ao namoro inicialmente.Elementos da natureza estão presentes nas liras escritas por Gonzaga,que tinha admiração pelo seu amigo Cláudio Manuel da Costa,de forma poética por chamado Alceste.Há duas Marílias:Maria Dorotéia Joaquina de Seixas Brandão é a Marília de cabelos negros e Maria Joaquina Anselma de Figueiredo,amante de Gonzaga,mulher de Jerônimo Xavier de Souza seria a Marília loura.O poeta cita Laura em suas liras talvez seja a outra Marília de cabelos louros.

A projeção na natureza dos estados de alma,corrente no Romantismo,aparece com alguma frequência .A recorrência a nomes de utensílios e objetos próprios da pintura é freqüente em Gonzaga denunciando o forte sentido pictórico de sua poesia.Dirceu seria capaz de "loucuras"pela amada como os seus amorosos antecessores mitológicos.

Quanto maior o amor , tanto mais a coragem de cometer loucuras. A concretude expressiva da imagem é um dos traços de Gonzaga.Em uma de suas liras , Gonzaga cita a fonte que substitui o espelho para revelar a juventude e a beleza.O poeta parece estar seguro do amor de Marília o que lhe permite um auto retrato ainda que futuro, menos lisonjeiro.A relação dos dois enamorados , de nível social econômico diferentes . Por estar inspirado pelo amor para surpresa de Marília , Dirceu toca e canta tão bem.Gonzaga dedicou versos a outras mulheres antes de Marília em Portugal e talvez no Brasil.Dirceu vai tecendo a descrição da amada como num quadro. Sobre a delegação poética no Arcadismo.

Na segunda parte:

(1) Esta lira , que tudo indica ser a primeira escrita por Gonzaga na prisão da Ilha das Cobras no Rio de Janeiro denuncia a mudança de tom que vai caracterizar esta segunda parte.Aqui o tema de esperança ganha novas matizes e ajuda o poeta a suportar o desconforto,a humilhação e as saudades de Marília.

(2)Esta estrofe e a anterior,somadas as passagens de poemas seguintes , são principalmente as responsáveis pela imagem,que o romantismo se incumbiu sw concretizar repassando-a às gerações futuras,de um homem abatido mas obcecado pelo ato criador da escrita,mesmo nas circunstâncias psicológicas e materiais mais adversas.

(4)Gonzaga nos interrogatórios a que foi submetido era uma vítima de calúnias vis.

(6)Dirceu usa o espelho das águas para admirar sua boa aparência física.

(8)O tema de instabilidade das coisas tão caro ao Barroco,ganha aqui tratamento formal mais próxima da sensibilidade romântica.

(13)Aos poucos as qualidades morais ou de caráter de Marília,ao lado das físicas,largamente cantadas na parte I , vão delineando uma mulher de corpo inteiro,capaz de comandar com sã prudência o "lema do discurso" ou da razão do poeta.Interessante como apesar da extrema juventude de Marília,é nela que o poeta encontra sua maior força e apoio.Longe da trêfega figura da farândola rococó de algumas composições ou de uma pastora mais ou menos convencional, vai surgindo uma assentada figura feminina,forte e segura.

(17)C.M.Costa e Gonzaga foram presos.Ele ignora a detenção C.m.Costa.É pouco provável a incomunicabilidade dos detidos pelo menos no primeiro tempo de prisão.

(23)Dos três bens da fortuna mencionados ,ri queza ,prestígio,amor,somente o último é,na visão do poeta,digno de apreço,visível em várias passagens da obra de Gonzaga.

(24)Apesar da convencional ambientação bucólica e transvestimento árcade,persiste no poema inteiro a força do real vivido,nada convencional.

(29) 0s suplícios morais ainda piores,de que é vítima.Conclui assim estar no inferno ,mas a possibilidade de es perança ameniza sua pena.Como se vê a seguir.

(32)A confiança de Gonzaga na providência divina e sua resignação e seus desígnios.

(45)O nome de Marília não se apaga da mente do poeta.

(50)Gonzaga descreve cansaço,apatia e desalento de prisioneiro,esta lira talvez tenha sido escrita no encerno da ordem Terceira de Santo Antônio para onde Gonzaga foi transferido,próximo ao julgamento.

(76)A incomunicabilidade não era tanta,a esta altura pelo menos,que impedisse ao poeta receber carta de Marília.

(77)"subir" = "sofrer"

(89)Os sofrimentos objetivos do poeta a inquietação sobre como estaria repercutindo no ânimo de Marília as acusações de que era vítima.

(92)O porte da Estrela é um lugarejo por onde passava a estrada que ia para Minas.

(98)Gonzaga refere-se aqui ao casamento marcado para fins do mês em que foi preso,e à sua partida com Maria Dorotéia para Bahia,onde assumiria o cargo de desembargador da Bahia para o qual fora nomeado.

(99)Juíz ao dizer que Gonzaga o não ter bens,nem préstimo militar,também o não exclui,porque podiam achar nele outras qualidades necessárias para o método do Governo.

Crítica:Sua obra em Minas Gerais sob o signo de Marília ,Nises,Lauras pastoras construídas a partir das convenções rococós e arcádicas , ele louva a pastora Marília.

Parte I , o poeta faz o retrato da amada e o lugar aprazível em que a conquista decorre."O ciclo de Marília" por tomar como núcleo o enamoramento por ele, enquanto o outro remete para uma das muitas pastoras a bela Nise.

T.A.Gonzaga usa clichês clássico - pastoris, mitologia , ao enaltecimento figuras históricas e ao engrandecimento de uma certa concepção de heroísmo.O problema consiste em avaliar até que ponto a Marília de Dirceu é um poema de lirismo amoroso tecido à volta de uma experiência concreta-a paixão , o noivado,a separação de Dirceu(Gonzaga)e Marília(Maria Dorotéia Joaquina de Seixas)- ou o roteiro de uma personalidade , que se analisa e expõe, a pretexto da referida experiência.E certo que os dois aspectos não se apartam.Há a predominância de um e outro.Um poeta que se caracteriza por ficcionalizar a realidade,de um lado,ao convocá-la para seu texto , sob a face da metamorfose.Um possível romanceamento lírico - poético do famoso caso de amor do árcade Tomás.

Nela , realidade e imaginação se imbricam,num trabalho ficcional.Nas poesias de Tomás há uma complexa tematização deste mundo contraditório,oscilante e globalizador em que todos transitamos no qual se misturam o real e o imaginário.Há como uma sedução em tomarmos como idênticas,também,a amasmorra que aparece nos textos de lamento do pastor Dirceu,nas liras da chamada parte II e a prisão na Ilha das Cobras,em que ficou retido o poeta.

Divisão temática binária;1º)Ciclo de Marília,2º)Temas diversos o qual se refere a várias pastoras.Ciclo de Marília 1ª)Retratos da amada,Marília é pintada em sua beleza e dotes morais,sem nenhuma análise psicológica mais profunda.2ª)Num sítio ameno ,onde se apresenta o cenário plácido bucólico no qual se desenrola a conquista.3ª)Caminhos do amor ,a concepção de amor apresentada pelo pastor enamorado, seus desejos em relação à amada.

Do ângulo do amado:1º)Retrato do amado o pastor é pintado mais psicológico do que fisicamente.2º)Caminhos da liberdade amor será busca e anseio de realização se enlaçam ao tema da liberdade e do sentido da vida humana.O poeta é um pintor de situações,não devendo estar sujeito à emocionalidade exarcebada.Buscam-se os motivos bucólicos,o clima ameno e campestre em tudo sesvaecendo a grande revolução urbana que se realiza no contexto político - social circundante.O princípio poético-retórico é a imitação dos antigos , tomados como exemplo.A obra literária é uma imitação da natureza.A poesia da época submetida dos procedimentos retóricos consagrados:alusões mitológicas,palavras nobres,perífrases,figuras de retórica e eloqüência de estilo.

As antecipações pré-românticas estão misturadas ao traço árcade-rococó dos poetas mineiros.

Uma poesia apoiada nos aspectos relevantes da estética clássica:1º)o princípio da verossimilhança exclui o que seja insólito,anormal ou excessivo capricho da imaginação.2º)a imitação da natureza ,escolher os aspectos essenciais do modelo tomado como base excluindo o que for grosseiro ou monstruoso.3º)o intelectualismo o amor à razão,a valorização do estável e universal.4º)o culto do sublime nascido de um estilo simples e natural,tendência pré-romântica que aparecerá no final do período.5º)a valorização das regras o escritor é um criador lúcido e disciplinado ,possui condutas específicas de conteúdo e forma.6º)o princípio da imitação dos clássicos gregos e latinos.Ele se refere a passagens mitológicas e históricas.T.a.Gonzaga parte um tema simples, o bucolismo amoroso pastoril,um cenário de cunho bucólico,pastoril e suave,mescla procedimentos rococós,neoclássicos e pré-românticos.Do rococó-a marca da mulher,do intimismo ,da feminilidade e do prazer.O cenário em que o pastor Dirceu celebra seu amor a Marília é povoado de deuses gregos e latinos e bafejado de odores suaves e lascivos.Uma lúdica homanagem ao amor,o traço lascívia amorosa,em que pastores e deuses convivem alegremente entre as flores e a fina relva-eis o teor rococó ,que nos apresenta a lírica de Tomás.

Do Arcadismo ,que surge como busca do racional,do despojado ,da clareza e da objetividade.

Verdade sócio-cultural das Minas Gerais.o delírio,a paixão,deixam lugar ao suave,ao regular,aos sonhos que o aproximam do homem comum.Almejou e cantou os dois valores mais fundamentais do homem-o amor e a liberdade.

1-Uma poesia feita de esperança-traços árcades convencionais.Usa a artificial roupagem árcade típica da época,transmite a sinceridade de seus sentimentos e um sentido de realidade,há uma mudança-de amante venturoso em Vila Rica a infortunado "réu de majestade"na Ilha das Cobras-da 1ª para 2ª parte,a esperança é a chama alentadorra destes versos.na 1ª parte as liras retratam o presente feliz e o futuro,de realização total,ao lado da amada,mesmo quando a velhice chegoar,estando Marilia ainda jovem.

O poema que abrea segunda parte,já estando o poeta preso no Rio de Janeiro,retrata o frio e triste ambiente da "cruel masmorra"em que vive aguardando o julgamento,mas a imagem do poeta batido e desgrenhado como ele próprio se pintou em liras poserioires desta mesma parte ,dá sempre lugar ao poeta da esperança evidenciando a não aceitação,o inconformismo com a acusação que lhe imputam e,sobretudo,a certeza dos dias felizes que ainda virão.A lembrança de Marília em meio às imagens funestas do sacrifício que lhe preparam aqueles que o querem perder é suficiente para desterrar de sua mente tanto sofrimento.

Este movimento positivo de otimismo,se assim podemos dizer,revela-se em Gonzaga de modos distintos:ora seu sofrimento é aliviado pela simples lembrança de Marília e seus atributos,de que se sente o dono ou pela mudança que atinge a tudo e certamente irá tocar também o seu destino.A crença convicta de que há de mudar-se a sua sorte,sujeita como tudo à lei que preside a Natureza.

Há o Tema da esperança e da transposição do nível biográfico para o nível da criação artística ,como um espelho que reflete com fidelidade as imagens originais no que elas têm de essencial.mas foge ao modelo no que há nele de simples aparência de exterioridade,de puro convencionaliesmo.Esta fidelidade ao real ,do real que importa ,pode ser confirmado.

O presente infeliz é retratado indiretamente nos dois últimos versos e o passado e o futuro ditoso ambos,cada um a sua maneira,reforçam a inconformidade de ser o poeta de coisas definitivamente tristes ou funestas:o passado honrado;a esperança da mudança ;os sonhos de futuro,Nesta segunda parte de Marília de dirceu,acompanhado a mudança de ânimo(e de vida)do poeta,a ausência quase total das composições graciosas á moda rococó,leves e inconseqüentes,próprias da primeira parte,explica-se pala enorme carga de sofrimento e pelo forte sentido do real aqui presentes,não cabendo nela o exagerado artificialismo daquelas composições.Os poemas se tornam mais graves a própria Marília,trêfega e ligeira das composições passadas ,é agora a terna companheira que de longe,na visão do poeta ,chora com ele sua desdita.O tema de esperança contudo,persiste e deve-se também em Gonzaga à forte crença,própria do século das luzes,demonstrada em mais de um poema,na sabedoria da natureza e nos desígnios divinos,que acabam sendo a mesma coisa se lhe sobrevém tamanho mal,alguma razão há de haver e ele,sabiamente,entrega-se sem desespero a tantos sofrimentos,pois a justiça será feita.O poeta se entrega mansamente do seu destino,mas há nesta entrega a certeza dos que confiam.Poeta das"ternas fadigas de amor,é sem dúvida graças aos poemas dos tempos de Vila Rica e da prisão de gonzaga passa à posteridade,garantindo com a sua a "duração"daquela Maria Dorotéia,a Marília de suas liras.

Um tão devotado amor,um tão convincente protesto de inocência ,uma tal confiança no que de bom lhe reservava o futuro,um ânimo tão fortemente pacifista e ordeiro,se não fazem de Gonzaga o herói que a História quer consagrar ao lado de outros inconfidentes,corajoso e mártir,trnsformam-no,no entanto no ser humano completo que se desnudou de maneira ímpar,e sobre cujo sofrimento,expresso com beleza e maestria,gerações vêm-se debruçando,em identificação somente possível de realizar-se através da arte.

Envolvido no processo da Inconfidência é preso em 1789 e em 1792 condenado ao degredo em Moçambique,onde logo se casa com a rica herdeira Juliana Mascarenhas.Na África,recupera a fortuna e a influência perdidas e morre,provavelmente em 1810.

Em Minas Gerais Gonzaga produziu alguns dos mais significativos poemas do arcadismo luso-brasileiro.Apaixonado pela jovem Maria Joaquina Dorotéia de Seixas,Gonzaga dedicou-lhe os poemas líricos de Marília de Dirceu em que se retrata como Dirceu e a amada como Marília.

Sua prisão como inconfidente marcou esse.Marília de Dirceu.Dirceu preso já não se contém no neoclassicismo mas apresenta-se pré-romântico.Os poemas da primeira parte de Marília de Dirceu seguem o modelo acabado do equilibrio neoclássico.Os da segunda parte da obra porém,escritos durante os três anos de sua prisão na Ilha das Cobras,no Rio de Janeiro,aguardando julgamento,revelam um eu-lírico sombrio que sofre pelo afastamento forçado da amada e pela incerteza quanto ao futuro.

Ao longo dessas liras predomina a natureza idealizada segundo os moldes neoclássico.Em matéria de forma poética ,suas liras ostentam uma variação estrófica e métrica superior à de qualquer outro poeta brasileiro do tempo,que parece corresponder à ondulante marcha do namoro com Marília e ao entusiasmo em face da Natureza dos trópicos.A musicalidade langorosamente brasileira das liras ,que lembra por vezes o dengue da Viola de Lereno(1798),de Domingos Caldas Barbosa,casa-se bem com o epidérmico sentimento que entretinha o poeta e a sua namorada.

Na primeira parte vê o burguês se expressando(fala conformista,justifica o sistema como o sistema é).Na segunda parte há uma certa mudança no tom da poesia a mitologia.O que aconteceu de novidade.

Na segunda parte ele foi preso.está em cpnflito com o sistema.Ele está de fora do sistema.Não está reproduzindo o sistema.

A questão política o mandou para a cadeia, a poesia fica menos profunda,

Parte I

Não é um vaqueiro,ele tem o seu próprio gado,ele é o burguês,ele tem uma valorização

da vida rural que não é a do Brasil.O Brasil é tosco para ele.Considerando a língua do Pastor grosseira.A fala dele é fina,usa lãs finas e tem poder.

Na primeira poesia da Parte I.

Amor burguês para possuir coisas.

Qual é o ideal do ser humano?Possuir coisas é o ter,é o valor mais importante da cultura burguesa.É bom ter tudo isso mas o melhor é o seu amor.Ele é incoerente"oiro"brilho.

Obra clássica=loura.Romântico=morena,cabelos negros.

Ele é contraditório loura ou morena.

"ouro" brilhante

Riqueza - Amor

Paixões se opondo a uma outra tradição.

Questão interna valoriza o ter e o amor burguês específico da vida.

O processo burguês se você atinge o ideal,acabou,a vida é previsivel,lúcida,racional,o pensamento burguês quer ter o controle sobre a vida.Poesia pessoa lúcida,equilibrada,sem paixões,sem grandes problemas,amor família padrão.

Roseli Princhatti
Enviado por Roseli Princhatti em 05/01/2010
Código do texto: T2012872
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