VERSEJANDO E VERSATIBILIZANDO A VIDA

             (Apresentação do Livro VERSATILAVRA e respectivos Autores)
             

            Honrou-nos sobremaneira o nobre escritor Roberto Leal, quando do seu convite para que apresentássemos os amigos e autores desta obra de escol e envergadura que está pronta para ser lançada, figurar no cenário artístico-literário do nosso país, e ocupar lugar de destaque que lhe é reservado, tendo em vista, o alto nível dos seus autores e respectivos poemas. Os poetas que compõem esta Antologia, artistas de elite emergente e de grande e reconhecido valor literário, enriquecerão sobremaneira, com suas obras e pensamentos o cenário da literatura brasileira. Cada obra, cada poesia aqui escrita e levada ao público é única e à sua mensagem, devemos dedicar toda a nossa atenção de leitores ávidos por captar e entender o dizer de cada um dos autores, o seu fazer literário, as circunstâncias culturais e históricas presentes, analisar fatos expostos e mensagens contidas nas entrelinhas, perpetuadas estas, pelo vigor dos seus poemas.  
                 Nos dias que correm, bem aventurados sejam aqueles  que falam de poemas e fazem do seu dia a dia, versos transformados em poesia que nos tocam a sensibilidade. Bem aventurados sejam eles, tocou-lhes a mão de Erato, a Amável, filha de Zeus e Mnemísine, musa da poesia.
                Versatilavra nos remete a versejar, compor versos, fazer poesias. Às vezes, nos parece fácil viver com poesia e viver a poesia, difícil, porém, é definí-la.  Do poeta e seu ofício, tão bem definiu Cecília Meirelles:"Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa, não sou alegre nem sou triste sou poeta. "(Motivo, Cecília Meirelles). Considerada uma das sete artes tradicionais do fazer humano, relatos históricos e literários dizem ser a poesia, mais antiga do que a prosa e que aquela foi criada para registrar fatos históricos de uma maneira mais fácil e agradável de ser gravada, para que, os fatos ocorridos fossem passados adiante, de geração em geração, através de versos e ritmos melodiosos, de tal maneira que fosse permitido ao ouvinte e ao aprendiz, guardar com mais facilidade o que ali foi narrado.  Para Aristóteles, a arte da poesia é a arte da imitação da ação, já que, há uma tendência natural na espécie humana para o imitar, logo, o poeta ao compor seus versos, o faz baseando-se nos acontecimentos do momento presente, na sociedade em que está inserido, expressando-se através dos seus poemas, segundo a sua perspectiva, a sua maneira de ver o mundo em que vive.  Grande a responsabilidade e imenso o prazer e alegrias em poder celebrar a vida, nas suas mais variadas situações através da poesia.  Ao poeta, grande artífice e construtor do poema, cabe a melhor parte, sendo esta, por conseguinte também, a parte mais difícil.  Criar o poema, construir-lhe os versos, ritmados ou livres, encarnar-lhe o espírito e ao fim, coroá-lo com o diamante da melhor rima, da melhor mensagem, da melhor poesia, fazendo da palavra sua ferramenta, valorizando o verbo de forma tal que, extraia dele toda a força e potência para se fazer ouvir e espalhar aos que o lêem a força de sua mensagem e a grandeza das palavras ali contidas.  A palavra é a matéria prima da arte poética, do fazer poético, e através dela exprime-se o sentir, o viver e as emoções que lhe seguem, instrumento através do qual luta, confessa, denuncia, revela, combate e ao utilizá-las, busca o artífice, as palavras perfeitas, para que possa, destarte, atingir a perfeição nas palavras.  "Ai palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa,/ (...). A liberdade das almas, ai com letras se elabora (...). Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam/ ai palavras, ai palavras, que estranha potência a vossa.".(Cecília Meirelles - Das Palavras Aéreas ou Roamnce LIII).
               

                                    Os versos e poemas de lavra elegante e apurada, da pena fina dos poetas Alinom Matta Santana, Baco Figueiredo, Geny Santana, Julia Evelyn, Leandro Silva, Marilene Andrade, Mário Alcântara, Mário Belmiro, Patrícia, Chastinet, Pedro Camilo, Renata Rimet e Vera Aziz, versejando e versatilizando a vida, demonstram que não há momento derradeiro na poesia, esta não acaba ao acabarmos de ler o último poema, ao contrário, ela permanece e vive no nosso cotidiano, recomeça com o dia, escorre por entre os dedos, invade, sem pedir licença os escaninhos d'alma; com primor, exalta-se nas suas rimas, sublima-se em suas métricas, eterniza-se nos seus poemas. A poesia existe e o poema é, é e nos remete às incursões ao imo de cada um de nós, fazendo-nos pensar, provocando desta forma, as reflexões necessárias, que nos conduzem a descobertas de novos-velhos mundos, que sempre existiram, é verdade, mas que, toldados pelo véu da insensibilidade, estavámos impedidos de vê-los.