MANOEL DE BARROS - Um poeta que colhe do chão as palavras
O maior poeta brasileiro, na opinião de Carlos Drummond de Andrade, Manoel Wenceslau Leite de Barros, nasceu em 19 de dezembro de 1916 na cidade de Cuiabá (MT). Atualmente mora em Campo Grande (MS). É advogado, fazendeiro e poeta.
Sua poética se enquadra nas categorias de coisas para serem desfrutadas, tendo como inspiração seu próprio cotidiano e a natureza, principalmente o Pantanal.
Um poeta com tamanho talento é difícil acreditar que foi considerado mau aluno. Somente aos 13 anos descobriu, lendo Padre Antônio Vieira, o gosto pela leitura e a forma de escrever.
Ao ingressar no curso de Direito, tornou-se membro do partido comunista, que só iria abandonar anos mais tarde.
Uma curiosidade dos tempos de militância, referente ao seu primeiro livro (que não chegou a ser publicado), foi utilizado como moeda de troca em uma ocasião em que quase foi preso, por pichar “Viva o Comunismo” em uma estátua.
No período de faculdade, Manoel de Barros identificou-se muito com a obra de Oswald de Andrade, sendo que para os dois a poesia estava justamente na subversão das normas de linguagem.
O poeta não busca apenas as relações semânticas, mais também as ressonâncias, os ritmos e as inúmeras sensações no fazer ler poesia. O seu primeiro livro publicado foi feito artesanalmente por amigos numa tiragem de 20 exemplares.
Manoel de Barros alcançou o reconhecimento nacional a partir de 1980, aos 70 anos, graças a Millor Fernandes, que publicava suas poesias em revistas e jornais de grande nome no País.
Antonio Houaiss também acreditou no potencial do poeta: “A importância da poética de Manoel de Barros, no nosso cenário, no da língua e no do mundo – não pode ser minificada: quem, julgante não lhe conhecer a obra, corre o risco de erro por erro e omissão”, e comparou-o a Francisco de Assis pela simplicidade e humildade de sua vida.
Ele não tinha o projeto para se lançar como escritor, apenas queria escrever porque gostava. Devido a sua timidez tentava se encontrar na poesia.
Nunca foi de participar de grupos nem de aparecer muito, talvez por esse motivo ele demorou para ser conhecido no cenário nacional .
Apesar de ser da geração de 45 junto com João Cabral de Melo Neto, não se considerava de nenhuma geração, Acredita que bons poetas são inclassificáveis.
Ele se classifica, não como um escritor, mas como um fazedor de frases. Conceitua Versos como frases com unidade rítmicas, que tem como característica o ilógico.
Persegue, sobretudo o nada, e espera extrair a essência do que desconhece. Trata-se de uma aprendizagem as avessas desaprender para ter condições de apalpar o invisível, desse modo pode ignorar as coisas e reencontrá-las.
As palavras para o autor são mais que signos gráficos, pois conhece bem o seu objeto de trabalho. Pode alterar o sentido da língua previamente imposta e nesse emaranhado de coisas concretas, consegue que o sujeito poético tome conta do significado do poema.
Hoje o poeta é reconhecido mundialmente como um dos mais originais e importantes do Brasil, sendo admirado por vários intelectuais. Manoel de Barros está sendo tema de estudos em faculdades.
Nequinho (como é conhecido desde a infância), diz que a fama é muito boa e que fica lisonjeado (e um pouco tímido) com todos os elogios que lhe agradam o coração.
AUTORAS
KATIANE DE CARVALHO LIMA
NEILA CAVALCANTE SARAIVA
VERONICA COSTA E SILVA