OS SISTEMAS DE ESCRITAS
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“A linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos. É o instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos, suas emoções, seus esforços, sua vontade, seus atos. Instrumento ao qual ele influencia, e é influenciado; a base mais profunda da sociedade humana.” (Louis Hjelmslev, linguista dinamarquês)
Uma história pormenorizada dos sistemas de escritas seria impossível aqui; entretanto, há certos aspectos que podemos abordar. Vejamos:
A Escrita Pictográfica - O homem primitivo serviu-se de diversos meios de comunicação, no entanto, nenhum deles tinha a finalidade de representar a língua oral. Eram totalmente independentes da fala. A manifestação mais elaborada desses processos comunicativos foi a "pictografia", ou melhor, a "escrita pictográfica". Consiste em transmitir uma ideia, um conceito ou um objeto através de um desenho (símbolo) figurativo e estilizado.
A escrita pictográfica foi a base da escrita cuneiforme e dos hieróglifos, origem de todas as formas de escrita e, apesar dos "milênios", a pictografia continua a ser utilizada, principalmente na sinalização do trânsito e de locais públicos, na infografia e em várias representações do design gráfico; pois são autoexplicativas e universais.
A Escrita Ideográfica, provavelmente, evoluiu a partir de formas da escrita pictográfica (hieróglifos). Consiste num sistema de escrita que se manifesta através de "ideogramas": símbolo gráfico ou desenho (signos pictóricos) formando caracteres separados e representando objetos, ideias ou palavras completas, associados aos sons com que tais objetos ou ideias são nomeados no respectivo idioma. Por isso, são necessários tantos símbolos quantos os objetos e ideias a exprimir. Os mais antigos vestígios de escrita ideográfica provêm de Sumer (ver escrita cuneiforme), cujo alfabeto dispunha de quase 20.000 ideogramas.
Bom exemplo de escrita ideográfica são os caracteres chineses e japoneses. Os ideogramas são inscritos, separadamente, num quadrado imaginário, dispostos em colunas e lidos de cima para baixo a partir da direita. No início, a escrita traduzia somente ideias (imagens) e não sons. Entretanto, para traduzir ideias abstratas, cuja transcrição gráfica era impossível, os chineses recorreram aos símbolos (ideogramas) de objetos concretos, correspondente na língua falada, a uma palavra com o mesmo som. Deste modo, introduziram elementos fonéticos na escrita ideográfica. Na forma tradicional, os caracteres eram traçados a pincel. O emprego da pena de escrever deu aos signos um aspecto anguloso.
Na escrita ideográfica, há a necessidade de um vasto número de símbolos, posto que a evolução desse sistema ficou sujeita a modificações e adaptações constantes, pois o número de pensamentos ou ideias que se deseja comunicar é praticamente infinito e tende a aumentar passo a passo com o desenvolvimento de uma cultura - no período Shang (1766-1122 a.C), havia cerca de 2.500; hoje há aproximadamente 50 mil. A vantagem do ideograma é que pode ser lido independentemente da língua falada. Na China, com uma população falando diferentes dialetos, este recurso mostrou-se de grande valia. Desde que foi desenvolvida, os chineses e japoneses nunca evoluíram para outra forma de escrita, permanecendo não alfabética até hoje.
Em nossa escrita, usamos alguns símbolos ideográficos. Por exemplo: a representação dos números: [0] lê-se zero, [1] lê-se um, [2] lê-se dois e assim por diante. Observe que com apenas um símbolo representamos uma palavra (ideia completa). Outro exemplo são as abreviaturas: [a. C.] lê-se antes de Cristo. / [V.S.a] lê-se Vossa Senhoria - [Adv.] lê-se [advogado]. Quando a abreviatura é uma locução, o somatório de letras é que compõe o símbolo ideográfico.
A Escrita Cuneiforme (do latim cuneus = cunha) é o mais antigo sistema de escrita. Utilizada até a era cristã por vários povos que habitavam o antigo Oriente Médio. No início, a escrita era feita através de desenhos: uma imagem estilizada de um objeto significava o próprio objeto. O resultado era uma escrita complexa com pelo menos 2.000 sinais. Por isso, seu uso era bastante complicado. Com o tempo, os sinais tornaram-se mais abstratos, evoluindo, finalmente, do sistema pictográfico para a escrita ideográfica (totalmente abstrata), composta de uma série de caracteres na forma de cunhas e com um número muito menor de sinais. Misturam-se caracteres e símbolos para letras e sílabas; para os números, círculos ou riscos. Essas figuras e objetos eram desenhados, por escribas, em tabletes de argila molhada, usando-se um estilete de caniço com a ponta na forma de cunha. Geralmente, eram dispostos de cima para baixo em colunas colocadas da direita para a esquerda. Em peças maiores, pela impossibilidade dos escribas de manobrá-las com a mão esquerda, a direção da escrita e a disposição das colunas são modificadas, as linhas passam a ser horizontais e as letras seguem a direção da esquerda para a direita. Com o objetivo de determinar a posse de algo, quase sempre um selo (desenho pessoal referente ao proprietário) era usado. Desse sistema de escrita, no entanto, não se derivou nenhum alfabeto.
O primeiro escrito conhecido - anterior a 4.000 a. C. (IV milênio) - é atribuído aos sumérios da Mesopotâmia. Milhares de tabletes de argila foram desenterrados contendo registros de transações comerciais e impostos de cidades da Mesopotâmia. A última tábua conhecida data do ano 75 da era cristã.
A Escrita Egípcia conhecida por hieróglifo (que significava gravação sagrada), também usava sinais pictográficos, porém adaptados para diferentes objetivos. A palavra "olho", por exemplo, era o desenho de um olho; para "choro", acrescia-se ao olho, linhas representando as lágrimas. Os hieróglifos eram escritos na vertical e horizontalmente; neste último caso, se os animais desenhados olhassem à esquerda a leitura deveria ser da direita para a esquerda e vice-versa. Tais símbolos podiam também ser usados para representar sílabas do mesmo som. Além disso, havia 24 sinais representando consoantes únicas, com as quais as palavras poderiam ser compostas, caso fosse necessário. Existiam duas formas de escrita no Antigo Egito: inicialmente a Hieroglífica, (do período faraônico) formada por desenhos e símbolos. E a Demótica (com alguns termos gregos) usada até o século V, em que se utilizava um tipo de caneta sobre o papiro, tornando-a mais ágil, mais rápida, necessária ao registro de contas e documentos administrativos.
A Escrita Silábica é um sistema onde cada símbolo é a combinação de sons de consonantais e vogais representando uma sílaba (silabismo). Assim, há um símbolo para o [bê, cê, cá, dê, etc.]. A escrita etíope é uma escrita silábica.
Escrita Alfabética e Fonética é o nosso sistema de escrita. Consiste na representação dos sons de determinada língua pelas letras do seu alfabeto, mas nem sempre correspondendo exatamente ao som da língua. Assim, podemos dizer que nossa escrita não é exclusivamente fonética.
Escrita Alfabética Fonológica é o sistema de escrita alfabética ideal, em que a cada fonema (som) corresponderia uma letra. O foneticismo aproxima, portanto, a escrita de sua função natural que é a de representar a língua falada, oral, verdadeira natureza da linguagem. ®Sérgio.
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As Runas - Sistemas de Escritas.
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Colin Cherry. A Comunicação Humana. Trad. José Paulo Paes. Cultrix / USP, 1971.
Campos, Haroldo (org.). Ideograma: Lógica, Poesia, Linguagem. Textos Trad. Eloísa de Lima Dantas. 4. Ed. - São Paulo: USP, 2000.
Hooker et al. Lendo o Passado: do Cuneiforme ao Alfabeto, São Paulo, Ed. USP e Melhoramentos, 1996, p. 175-243.
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