O TEATRO KABUKI

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Estudos Literários

Kabuki (do japonês, ka = cantar, bu = dançar, ki = representar) é o mais popular teatro japonês. Surgiu no início do século XVII, graças à sacerdotisa Okunido do Santuário Xintoísta de Izumo, que num dado momento começou a executar na companhia de jovens do mesmo sexo, representações profanas vagamente inspiradas no teatro Nô e no Kiogen.

Mais adiante, reuniram-se a alguns atores e organizaram um grupo teatral. Não obstante sua progressiva popularidade, a má reputação das atrizes, que davam ênfase exagerada no sensual, provocou, em 1619, uma ordem governamental proibindo a presença de figuras femininas no palco. Em consequência, os rapazes passaram a desempenhar-lhes os papéis transvestidos de mulheres. A arte de se transformar em mulher foi criada na época em que atores especializavam-se nessa modalidade (onnagata). Apesar disso, o kabuki continuava a chamar a atenção do povo. Hoje, já se admite a participação feminina.

No kabuki, ao contrário do Nô, os artistas não usam máscaras; o que os realça é a maquiagem (keshô) altamente estilizada. O pó-de-arroz é usado para criar a base branca (oshiroi); linhas cortornam os olhos, os cílios e a boca para produzir as máscaras dramáticas. Cada cor está ligada a uma simbologia que representa o temperamento do personagem; assim, o vermelho retrata a ira, o cinza a melancolia, o verde os espíritos diabólicos, etc.

O cenário é rico em cores berrantes com adereços por todo o lado, mas sem distrair o olhar do espectador. As trocas de cenário são feitas no meio da cena, com os atores no palco e as cortinas abertas. Contra-regras (kuroko), sempre vestidos de preto e tradicionalmente considerados “invisíveis”, correm pelo palco colocando e tirando as peças de cenário.

A mímica possui força de expressão, os movimentos são feitos em alto nível de perfeição. Há um momento (Mie) em que o ator (ou o grupo todo) para, congelado numa pose, os olhos enviesados, os braços estendidos, dedos rijos; o propósito é expressar o auge das emoções do personagem.

 O palco é giratório e equipado com diversos recursos, como portas falsas, onde os atores desaparecem e ressurgem com facilidade. Outra particularidade do kabuki é uma espécie de ponte (hanamichi), que leva os atores aos espectadores. A esquerda do tablado dispõe-se uma pequena orquestra e o coro pode comparecer quando se trata de uma réplica de peça Nô.

Em três modalidades fragmenta-se o kabuki: jidai-mono (peças históricas) , sewa-mono (domésticas) e shosagoto (cenas de dança). Até os dias de hoje, ainda são apresentadas peças completas, cuja duração pode chegar a cinco horas.

Nos últimos vinte anos do século XIX, o kabuki acabou conquistando a própria elite, e os atores passaram a ser admirados e respeitados. A tal ponto que, atualmente, alguns pertencem à Academia de Arte do Japão. Em todos os aspectos, o kabuki é elegante e vulgar, cômico e trágico. ®Sérgio.

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Informações foram retiradas e adaptadas ao texto de:

Francisco Handa (www.culturajaponesa.com.br)

Robert Pignarre, História do Teatro (3ª ed., s.d.)

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