MONTEIRO LOBATO
UM POUCO DA BIOGRAFIA DESTE "HOMEM" QUE DEDICOU A SUA VIDA AO BRASIL E A LITERATURA. OBRIGADA, POR ME ENSINAR A AMAR OS LIVROS ATRAVÉS DAS SUAS HISTÓRIAS, TÃO MAGNIFICAMENTE CONTADAS AOS MEUS OLHOS DE CRIANÇA E QUE AGORA O VÊ COMO UM SÁBIO REPLETO DE HONRA E CIDADANIA.
Ana Marly de Oliveira Jacobino
MONTEIRO LOBATO
Monteiro Lobato: o precursor da literatura infantil no Brasil. Contista, ensaísta e tradutor, este grande nome da literatura brasileira nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, no ano de 1882. Formado em Direito, atuou como promotor público até se tornar fazendeiro, após receber herança deixada pelo avô. Diante de um novo estilo de vida, Lobato passou a publicar seus primeiros contos em jornais e revistas, sendo que, posteriormente, reuniu uma série deles em Urupês, obra prima deste famoso escritor. Em uma época em que os livros brasileiros eram editados em Paris ou Lisboa, Monteiro Lobato tornou-se também editor, passando a editar livros também no Brasil. Com isso, ele implantou uma série de renovações nos livros didáticos e infantis.
Este notável escritor é bastante conhecido entre as crianças, pois se dedicou a um estilo de escrita com linguagem simples onde realidade e fantasia estão lado a lado. Pode-se dizer que ele foi o precursor da literatura infantil no Brasil.
Suas personagens mais conhecidas são: Emília, uma boneca de pano com sentimento e idéias independentes; Pedrinho, personagem que o autor se identifica quando criança; Visconde de Sabugosa, a sábia espiga de milho que tem atitudes de adulto, Cuca, vilã que aterroriza a todos do sítio, Saci Pererê e outras personagens que fazem parte da inesquecível obra: O Sítio do Pica-Pau Amarelo, que até hoje encanta muitas crianças e adultos.
Sítio do Pica-pau amarelo
Quem não se lembra de Emília? De Visconde? De Dona Benta? De tia Anastácia? De Pedrinho e Narizinho? Considerado o "Andersen" brasileiro, Monteiro Lobato (José Bento Monteiro Lobato) foi o precursor da literatura infantil brasileira. Como escritor, publicou cerca de 30 volumes, além de artigos; apesar de ser considerado um modernista, Monteiro Lobato não aderiu ao Movimento de 22, chegando mesmo a fazer críticas a ele. Foi um homem apaixonado pelo Brasil, por sua emancipação econômica; defendia a existência e a exploração do petróleo, sendo, por isso, uma vítima das políticas de manutenção da subserviência nacional. Na década de 40, sob o regime do ditador Getúlio Vargas, foi preso por 90 dias devido a uma carta em que abordava o tema do petróleo. Empresário empreendedor, fundou a primeira editora Monteiro Lobato & Cia (1918), que posteriormente daria origem à Companhia Editora Nacional (anos 20), responsável pela divulgação de dezenas de escritores e obras. De toda sua obra e seu trabalho, sem dúvida alguma o que ficou marcado na memória da nossa infância são as aventuras do Sítio do Pica-pau amarelo. (Richard Mathenhauer)
O Choque das Raças ou O Presidente Negro - Monteiro Lobato - (resumo)
O Choque das Raças ou O Presidente Negro foi publicado em 1926 em folhetins no jornal carioca A Manhã. Este livro tinha o subtítulo “romance americano do ano 2228”.
A história é narrada por Ayrton, funcionário da firma paulista Sá, Pato & Cia., que depois de um acidente de carro, é iniciado na revelação do futuro por Jane, filha do professor Benson, cuja invenção - o porviroscópio - lhe permite devassar o futuro. Jane, numa série de sessões domingueiras, revela ao espantado mas entusiasta Ayrton os episódios que envolvem a eleição do 88.° presidente norte-americano. Três candidatos disputam os votos: o negro Jim Roy, a feminista Evelyn Astor e o presidente Kerlog, candidato à reeleição. A cisão da sociedade branca em partido masculino e feminino possibilita a eleição do candidato negro. Perante o fato consumado, a raça branca engendra uma típica “solução final”: a esterilização dos indivíduos de raça negra, camuflada num processo de alisamento de cabelos.
Paralelamente a esta narração, o romance focaliza o amor de Ayrton por Jane, e a missão literária do moço: escrever um romance daquilo que lhe narrava.
O PRESIDENTE NEGRO DE MONTEIRO LOBATO
Viegas fernandes da Costa*
Para a maior parte do público leitor brasileiro, Monteiro Lobato (1882-1948) é lembrado pelos episódios da série O Sítio do Pica Pau Amarelo. Muitos, porém, desconhecem a “obra para adultos” que Monteiro Lobato escreveu, tão importante quanto sua literatura infanto-juvenil. Nestas obras Lobato discute os grandes temas da sua época, e como intelectual que foi, usa da literatura para se posicionar perante a sociedade brasileira. Nacionalista, desenvolvimentista e muitas vezes acusado de preconceituoso, suas idéias provocam polêmica ainda hoje, e seus livros continuam sendo alvo de intensos debates entre pesquisadores e leitores atentos.
Entre estes livros polêmicos de Monteiro Lobato está um intitulado “O Presidente Negro”. Originalmente publicado em 1926, como folhetim, no jornal A Manhã, (onde recebeu o título de “O Choque das Raças”, hoje seu subtítulo), “O Presidente Negro” é uma obra duplamente curiosa: primeiramente por se tratar de uma ficção científica, gênero pouco cultivado entre os escritores brasileiros; e em segundo lugar porque em sua trama retrata o debate científico e intelectual vigente nas primeiras décadas do século XX.
Basicamente a história gira em torno de três personagens: Ayrton, o medíocre funcionário de um escritório; Benson, o sábio que cria o Porviroscópio, uma máquina capaz de mostrar os acontecimentos futuros; e Miss Jane, a bela e inteligente filha de Benson.
Depois de sofrer um acidente, Ayrton passa a conviver com o professor Benson e sua filha, pela qual se apaixona. O sábio mostra a Ayrton sua invenção: uma máquina capaz de mostrar o estado da humanidade em tempos futuros. Ao falar do futuro, Monteiro Lobato dá vazão a toda a sua criatividade e, por que não dizer, preconceito. Imagina um futuro onde os jornais não serão mais lidos no seu formato tradicional, em papel, mas em monitores luminosos existentes em cada casa (sim, a Internet está aí!); onde a roda virará peça de museu e onde a eugenia estará presente no cotidiano das sociedades, moldando pessoas saudáveis e ordeiras. Ao falar da sociedade estadunidense, Lobato, através da personagem Miss Jane, falará de uma eleição para a presidência dos Estados Unidos em que os candidatos serão um conservador branco, uma mulher com ideais feministas e um negro (isto lembra alguma coisa?).
Em “O Presidente Negro” esta eleição acontece no ano de 2228, em nosso mundo real as atuais prévias eleitorais nos Estados Unidos têm como candidatos um conservador branco (John McCain), um negro (Barack Obama), e uma mulher (Hillary Clinton); cenário bastante próximo àquele pintado por Lobato no romance que publicou em 1926.
Por todo este curioso exercício de futurologia, e por apresentar-se como revelador do pensamento intelectual, político e científico da época em que foi escrito, vale a pena ler “O Presidente Negro”.
“Monteiro Lobato um Escritor completo”
Para a maior parte do público leitor brasileiro, Monteiro Lobato (1882-1948) é lembrado pelos episódios da série O Sítio do Pica Pau Amarelo. Muitos, porém, desconhecem a “obra para adultos” que Monteiro Lobato escreveu, tão importante quanto sua literatura infanto-juvenil. Nestas obras Lobato discute os grandes temas da sua época, e como intelectual que foi, usa da literatura para se posicionar perante a sociedade brasileira. Nacionalista, desenvolvimentista e muitas vezes acusado de preconceituoso, suas idéias provocam polêmica ainda hoje, e seus livros continuam sendo alvo de intensos debates entre pesquisadores e leitores atentos.
Entre estes livros polêmicos de Monteiro Lobato está um intitulado “O Presidente Negro”. Originalmente publicado em 1926, como folhetim, no jornal A Manhã, (onde recebeu o título de “O Choque das Raças”, hoje seu subtítulo), “O Presidente Negro” é uma obra duplamente curiosa: primeiramente por se tratar de uma ficção científica, gênero pouco cultivado entre os escritores brasileiros; e em segundo lugar porque em sua trama retrata o debate científico e intelectual vigente nas primeiras décadas do século XX.
Basicamente a história gira em torno de três personagens: Ayrton, o medíocre funcionário de um escritório; Benson, o sábio que cria o Porviroscópio, uma máquina capaz de mostrar os acontecimentos futuros; e Miss Jane, a bela e inteligente filha de Benson.
Depois de sofrer um acidente, Ayrton passa a conviver com o professor Benson e sua filha, pela qual se apaixona. O sábio mostra a Ayrton sua invenção: uma máquina capaz de mostrar o estado da humanidade em tempos futuros. Ao falar do futuro, Monteiro Lobato dá vazão a toda a sua criatividade e, por que não dizer, preconceito. Imagina um futuro onde os jornais não serão mais lidos no seu formato tradicional, em papel, mas em monitores luminosos existentes em cada casa (sim, a Internet está aí!); onde a roda virará peça de museu e onde a eugenia estará presente no cotidiano das sociedades, moldando pessoas saudáveis e ordeiras. Ao falar da sociedade estadunidense, Lobato, através da personagem Miss Jane, falará de uma eleição para a presidência dos Estados Unidos em que os candidatos serão um conservador branco, uma mulher com ideais feministas e um negro (isto lembra alguma coisa?).
Em “O Presidente Negro” esta eleição acontece no ano de 2228, em nosso mundo real as atuais prévias eleitorais nos Estados Unidos têm como candidatos um conservador branco (John McCain), um negro (Barack Obama), e uma mulher (Hillary Clinton); cenário bastante próximo àquele pintado por Lobato no romance que publicou em 1926.
Por todo este curioso exercício de futurologia, e por apresentar-se como revelador do pensamento intelectual, político e científico da época em que foi escrito, vale a pena ler “O Presidente Negro”.
Opinião
1) No mundo tão evoluído como o apresentado pelo escritor, é justamente a questão racial que deveria ficar para trás. O contrário também é válido: Lobato pode ter querido dizer que o ser humano é tão tacanho, que apesar da passagem dos séculos e do avanço cultural e tecnológico, fica entretido com questões sobre qual raça ou sexo é melhor, qual deve prevalecer, qual deve ter quotas reservadas em universidade etc. E tais extremos serão alcançados se agora não for dado um basta nessas trivialidades. Afinal, como ele explicou no começo do romance, o futuro nada mais é do que a combinação de fatos presentes. Ricardo de Mattos
2) O Presidente Negro assusta pelo caráter premonitório da obra. Em 1926, Lobato prevê a invenção de um tipo de radiotransmissão de dados que possibilitaria o ser humano a cumprir suas tarefas da própria casa e sem a necessidade de se deslocar para o trabalho. Fala também do desaparecimento do jornal impresso porque as notícias serão “radiadas” diretamente para a casa dos indivíduos e aparecerão em caracteres luminosos numa tela - exatamente como acontece com quem está lendo esse texto. Em uma palavra atual: internet. Mas as premonições não param por aí.
Às vésperas de viajar para os Estados Unidos como adido comercial da embaixada brasileira, Monteiro Lobato preconiza a eleição de um presidente negro nos EUA. O momento político (no ano de 2228) que possibilitaria isso viria da divisão da raça branca, entre um candidato do Partido Masculino (Kerlog) e uma candidata do Partido Feminino (Evelyn Astor). A neofeminista Evelyn Astor está com a vitória praticamente garantida e eis que surge o líder negro Jim Roy, que acaba eleito presidente.
Uma assustadora semelhança entre o que aconteceu nas eleições ianques. Será Barack Obama o Jim Roy de Lobato?
De qualquer forma, é um livro de leitura atualíssima. Recomendo muitíssimo.
Autor: Marco Bahé
Obras completas do grande Escritor Monteiro Lobato
Literatura Infantil
1920 - A menina do narizinho arrebitado
1921 - Fábulas de Narizinho
1921 - Narizinho arrebitado
1921 - O Saci
1922 - O marquês de Rabicó
1922 - Fábulas
1924 - A caçada da onça
1924 - Jeca Tatuzinho
1924 - O noivado de Narizinho
1927 - As aventuras de Hans Staden
1928 - Aventuras do príncipe
1928 - O Gato Félix
1928 - A cara de coruja
1929 - O irmão de Pinóquio
1929 - O circo de escavalinho
1930 - Peter Pan
1930 - A pena de papagaio
1931 - Reinações de Narizinho
1932 - Viagem ao céu
1933 - Caçadas de Pedrinho
1933 - Novas reinações de Narizinho
1933 - História do mundo para as crianças
1934 - Emília no país da gramática
1935 - Aritmética da Emília
1935 - Geografia de Dona Benta
1935 - História das invenções
1936 - Dom Quixote das crianças
1936 - Memórias da Emília
1937 - Serões de Dona Benta
1937 - O poço do Visconde
1937 - Histórias de Tia Nastácia
1938 - O museu da Emília
1939 - O Picapau Amarelo
1939 - O minotauro
1941 - A reforma da natureza
1942 - A chave do tamanho
1944 - Os doze trabalhos de Hércules
1947 - Histórias diversas
Outras obras - temática adulta
O Saci Pererê: resultado de um inquérito (1918)
Urupês (1918)
Problema vital (1918)
Cidades mortas (1919)
Idéias de Jeca Tatu (1919)
Negrinha (1920)
A onda verde (1921)
O macaco que se fez homem (1923)
Mundo da lua (1923)
Contos escolhidos (1923)
O garimpeiro do Rio das Garças (1924)
O choque (1926)
Mr. Slang e o Brasil (1927)
Ferro (1931)
América (1932)
Na antevéspera (1933)
Contos leves (1935)
O escândalo do petróleo (1936)
Contos pesados (1940)
O espanto das gentes (1941)
Urupês, outros contos e coisas (1943)
A barca de Gleyre (1944)
Zé Brasil (1947)
Prefácios e entrevistas (1947)
Literatura do minarete (1948)
Conferências, artigos e crônicas (1948)
Cartas escolhidas (1948)
Críticas e Outras notas (1948)
Cartas de amor (1948)