A ORIGEM HISTÓRICA DO ROMANCE FAUSTO

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Estudos Literários

 

A história do Dr. Fausto - o sábio alemão que vende sua alma ao demônio Mefistófeles em troca de conhecimento e poder - não foi criação de Wolfgang Von Goethe.

Dr. Fausto é um caso a parte. É o único romance, cujo protagonista tem existência histórica real, que se tornou um mito literário. Magister Georgius Sabelius Faustus, como ele mesmo se apresentava, viveu na Alemanha entre o final do século XV e começo do século XVI. Dr. Fausto era um estudioso das Ciências Ocultas, assumia publicamente a sua condição de feiticeiro. Ganhava o seu sustento praticando magia, fazendo horóscopos, vidências e produzindo fenômenos "sobrenaturais". De modo que, é possível que ele tenha realmente tentado alguma comunicação com o demônio, a fim de obter mais conhecimento sobre as Ciências Ocultas.

Na época, era crença popular de que os estudiosos dessa ciência, eram quase sempre signatários de pactos com o diabo. Portanto, se vivo já suspeitavam dele, quando morreu, de maneira violenta e causa misteriosa, virou lenda. E a lenda do Dr. Fausto e seu pacto com o demônio, espalhou-se rapidamente pela Alemanha.

Em 1857, Johann Spiess, livreiro e escritor de Frankfurt, compilou tudo quanto se acreditava e dizia acerca do Dr. Fausto, em um livro de 227 páginas, conhecido por Romance Faustiano ou Faustbuch (O Livro de Fausto); cujo enredo contava como Fausto se vendeu ao diabo, as extraordinárias aventuras que viveu, a magia que praticava, e por fim a sua morte e castigo. Surgia a primeira narrativa literária sobre a lenda do Dr. Fausto. Pesquisadores afirmam que o texto tem um fundo moralista, ou seja, propaganda luterana para doutrinação.

Em 1589, dois anos depois da publicação de Spiess, o escritor e dramaturgo inglês (precursor de Shakespeare) Christopher Marlowe (1564-1593) transforma a primeira versão literária em peça teatral, com o título de A História Trágica do Doutor Fausto, que estreou com grande sucesso em 1594. A peça só foi publicada em 1604 (onze anos após a morte de Marlowe). Christopher Marlowe deu lustro estético à obra. Resgatou a dignidade do personagem distinguindo-o do personagem histórico e das lendas populares a que este deu origem; mas conservou a punição de Fausto, que na cena final desce ao inferno, porém em um clima muito mais trágico, de grande impacto junto ao público da época.

Coube a outro alemão, Wolfgang Von Goethe, em 1808, três séculos depois da morte do misterioso ocultista, salvar o atormentado sábio, com a versão intitulada Fausto. Drama em verso que levou trinta anos para ser elaborado. Foi a obra de sua vida. Goethe, em sua versão, não mantém a cena final tradicional; troca o trágico pelo de dramático: Fausto em vez de ser punido no inferno é resgatado, na última hora, por anjos que enganam Mefistófeles e levam a alma do sábio para o céu.

Em 1943, Thomas Mann publica sua versão com o título de Doutor Fausto. É uma versão fora das raízes do mito. O personagem Fausto encarna um músico. O pacto dispensa os demônios, e o inferno vem na forma da sífilis que mata o protagonista.

O poeta português Fernando Pessoa deixou inconclusa a sua versão do mito, cujo título era Primeiro Fausto, a qual se dedicou durante boa parte da vida. Segundo o próprio poeta, a obra fala do embate entre a inteligência – representada por Fausto – e a vida.

Na música, o mito de Fausto foi tema de obras de Wagner, Schumann, Liszt Berlioz e Gounod. ®Sérgio.

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Alguns dados sobre o Dr. Fausto foram extraídos e adaptados ao texto de: http://tv1.rtp.pt/antena2/index.php?article=672

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