ROTEIRO DE CINEMA

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Estudos Literários

 

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oteiro é a forma escrita de qualquer espetáculo audiovisual. No cinema é à base de um futuro filme. É uma previsão que na prática se concretiza num manuscrito contendo a descrição e as soluções, cena por cena, enquadramento por enquadramento, de todos os problemas técnicos e artísticos que se prevê para a realização do filme.

Como vimos, o roteiro de cinema é dividido em cenas como os capítulos de um romance. As cenas são numeradas e podem ser internas (no estúdio) e externas (ao ar livre), e podem se passar de manhã, à tarde ou à noite:

1 - Externa. Pousada dos Tropeiros. Campo Grande – MS. Outubro de 2006. Noite.

Silêncio. A Pousada, uma propriedade rural, se ergue no meio do serrado iluminado pela lua.

2 - Interna. Pousada dos Tropeiros. Quarto do senhor Tavares. Noite.

A luz fraca das velas vê-se a cama onde um homem (o senhor Tavares está deitado) — a pele cor de cera, a respiração difícil, [...].

O Roteirista tem de dar todas essas informações claramente, para que o diretor ou produtor do filme saiba como montar cada cena.

As cenas, por sua vez, dividem-se em tomadas (takes). Quando o operador de câmera, isto é, o cameraman liga a câmera começa a tomada que só termina quando ela a desliga. A tomada de cenas se divide em planos ou cortes, cuja finalidade é intensificar as emoções e as idéias. Eis alguns tipos de plano:

• close – focaliza um detalhe (como os olhos de um ator).

plano geral – mostra o cenário.

travelling – a câmera acompanha o movimento de uma personagem.

Além desses recursos de imagem, o roteiro descreve as personagens e indica com rubricas, a maneira de ser e as ações das personagens.

As rubricas são gravadas com destaques, geralmente em itálico, e vêm entre parênteses:

TAVARES (simulando espanto)

— Alexandre? Ah é verdade [...].

Os diálogos são apresentados em discurso direto e, antes de cada fala, aparece o nome da personagem.

Para exemplificar, a seguir, a transcrição de um trecho do roteiro escrito por Emma Thompson a partir do livro Razão e Sensibilidade, de Jane Austen:

Razão e Sensibilidade¹ - Roteiro

1. EXT. NORLAND PARK. INGLATERRA. MARÇO 1800. NOITE.

Silêncio. Norland Park, uma casa de campo grande, construída na primeira metade do século XVII, se ergue no meio do parque iluminado pela lua.

2. INT. NORLAND PARK. QUARTO DO SENHOR DASHWOOD. NOITE.

A luz fraca das velas vê-se a cama onde um homem (o senhor Dashwood,52) está deitado – a pele cor de cera, a repiração difícil. Em volta da cama, duas silhuetas se movem e murmuram, suas roupas sussurrando na quietude mortal. Médicos. Uma mulher (a senhora Dashwood,50) está sentada ao lado da cama, segurando a mão dele, sem tirar os olhos do rosto do homem.

SENHOR DASHWOOD (com urgência)

— John ainda não chegou?

SENHORA DASHWOOD

Deve estar chegando a qualquer momento, meu amado.

[...]

O Senhor Dashwood reúne suas últimas forças e começa a murmurar com desesperada intensidade.

SENHOR DASHWOOD

John, logo irá saber pelo meu testamento que a propriedade de Norland me foi legada de tal modo que não posso dividir entre meus familiares.

John pisca os olhos, sem compreender muito bem.

[...]. ®Sérgio.

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¹ - THOMPSON, Emma. Razão e Sensibilidade. Roteiro e diário. R.J. Rocco.1996.

Ajudaram na elaboração deste glossário: Guia de Produção Textual – PUCRS

Assis Brasil - Cinema e Literatura.

Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário.

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