Contagem de sílabas poéticas
A contagem de sílabas poéticas é bastante simples, mas muitos não conhecem certas regras fundamentais.
A divisão silábica da palavra poética, por exemplo, é po-é-ti-ca.
Seria igualmente contada, se estivesse num verso. Mas o poeta tem o recurso da sinérese, ou seja, a contração de duas sílabas em uma, quando vogais. A divisão passa a ser poé-ti-ca, como se fosse um ditongo.
O caso oposto, a diérese é quando um ditongo é cortado, para efeito de contagem. Por exemplo, a palavra saudade. Gramaticalmente é sau-da-de. Mas se o poeta está necessitando de mais uma sílaba, está autorizado a contar sa-u-da-de.
Geralmente, quando se fala em contagem, este exemplo é o último, a sinérese e a diérese. Feito como primeiro, evita confusões.
Poeticamente as sílabas são contadas como na gramática. Mas nos versos onde são indispensáveis para caracterizar o poema, cada verso deve ter exatamente o mesmo número de sílabas.
Uma trova, por exempo, é um poema sempre de quatro versos e cada um deles de sete sílabas. A métrica é exigente e não admite falhas. Não existe trova de seis sílabas.
As outras regras são fáceis. Toda palavra terminada por vogal, quando seguida por outra iniciada por vogal, é feita a elisão. Assim: “e estava escurecendo”, é contado como 'ees-ta-vaes-cu-re-cen-do'. Parece difícil, mas é bom observar que todas as vogais foram unificadas, pois assim soam no verso. A regra serve para vogal final átona, sem acentuação, ou vogal inicial também átona. Vogais tônicas, acentuadas, não sofrem elisão. Por exemplo "a água fria", é escandido 'a-á-gua-fri-a.' Convém reparar que se houvesse a junção das vogais, o verso ficaria feio, soando mal quando cantado, declamado.
A mesma regra das elisões de palavras terminadas com vogais com outra iniciada também por vogal, acontece com as palavras iniciadas por “h” mudo. A elisão também é obrigatória. “Ele havia despertado”, escandido como 'E-leha-vi-a-des-per-ta-do.'
Finalmente, a última sílaba poética de um verso é a mais forte, a tônica. Vejamos o exemplo “mas isto passará”. A última silaba é tônica, portanto contada: 'mas-is-to-pas-sa-rá', com seis sílabas poéticas. O mesmo não se dá com “estava feito”, dividido como 'es-ta-va-fei' e por ser “fei” a última silaba tônica da palavra, o resto não é mais contado.
A melhor maneira de praticar é escandir versos de autores famosos, e depois conferir se foi bem dividido e contado o poema, o que se dá quando o número de sílabas é igual em todos os versos.