AS 120 GRANDES OBRAS DA LITERATURA BRASILEIRA
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Segundo o Professor Alfredo Bosi
O Museu da Língua Portuguesa pediu ao professor e acadêmico Alfredo Bosi uma lista de 120 grandes obras da Literatura Brasileira. E ele listou os livros obrigatórios para qualquer um interessado em se aprofundar em nossa literatura, língua e cultura. Junto à lista o Prof. Bosi deixou este recado:
O que esta Linha do Tempo representa? O que nela figura explicitamente? O que precisou ficar nela implícito?
O que se explicitou foi a história da Língua Portuguesa. O que ficou implícito foi a inclusão de obras de autores brasileiros de nascimento ou adoção, que em 2005 já nos deixaram, mas permanecem vivos na vida de suas obras, na leitura que delas fazemos e na memória que merecem como artistas da língua portuguesa no Brasil. O elenco não pôde, por óbvias razões de espaço, ser exaustivo, mas procurou ser representativo da variedade e da força de nossa cultura letrada.
Não se incluíram, portanto, autores ainda vivos, nesta data, embora, pela relevância indiscutível da sua obra, alguns poetas e narradores que vêm escrevendo desde o último quartel do século 20 já pertençam à história da língua literária portuguesa no Brasil.
Não se incluíram, tampouco, críticos literários do passado e do presente, mesmo quando se notabilizaram pela profundidade dos conceitos e excelência da sua prosa, como Araripe Jr., Nestor Vítor, João Ribeiro, Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataide), Augusto Meyer, Álvaro Lins, Otto Maria Carpeaux e Antonio Candido; pois o elenco precisou ajustar-se aos limites da linha do tempo, que se rege, por sua vez, pela arquitetura mesma do Museu da Língua Portuguesa. Daí, a necessidade de escolher, prioritariamente, ficcionista e poetas, forjadores por excelência da língua literária. A exceção, aberta para Sílvio Romero e José Veríssimo, justifica-se pelo caráter de verdadeiras balizas de nossa memória cultural que têm as suas histórias de nossa literatura até o começo do século 20.
[...].
De todo modo, no âmbito de sua proposta, a seleção buscou ser bastante ampla e diversificada. De Caminha e Anchieta, primeiras vozes da condição colonial entre nós, até a poesia rigorosa de João Cabral e as experiências narrativas densamente existenciais de Guimarães Rosa e Clarice Lispector, a língua portuguesa conheceu uma notável riqueza de tons e perspectivas, de ritmos e imagens. E causa justa admiração que tantas diferenças de filiação regional, de classe social, de contingências históricas e de fisionomias individuais tenham alcançado exprimir-se na mesma língua, acessível a todo brasileiro medianamente culto. Saibamos admirar, respeitar e conservar este legado de verdade e beleza, não só como quem guarda um tesouro, mas, sobretudo como quem recebe gratuitamente um precioso instrumento de representação do mundo que nos cerca, de expressão de nós mesmos e de comunicação com o semelhante.
A LISTA:
1.1 Colônia – séculos 16, 17 e 18.
01. Pero Vaz de Caminha - Carta a Dom Manuel (1500)
02. José de Anchieta - Autos e Poesias (1550)
03. Padre Manuel da Nóbrega - Cartas (1553)
04. Gabriel Soares de Sousa - Tratado descritivo do Brasil (1587)
05. Bento Teixeira - Prosopopéia (1601)
06. Frei Vicente do Salvador - História do Brasil (1627)
07. Padre Antônio Vieira - Sermões (1638-1695)
08. Gregório de Matos - Poesias – (1680)
09. Manuel Botelho de Oliveira - Música do Parnaso (1705)
10. Antonil (pseudônimo de João Antônio Andreoni) - Cultura e opulência do Brasil (1710)
11. Nuno Marques Pereira - Compêndio narrativo do Peregrino da América (1718)
12. Academia Brasílica dos Esquecidos (1724) e Academia Brasílica dos Renascidos (1759)!
13. Cláudio Manuel da Costa - Obras poéticas (1768)
14. Basílio da Gama - O Uraguai (1769)
15. Fr. José de Santa Rita Durão - O Caramuru (1781)
16. Tomás Antônio Gonzaga - Cartas chilenas (1789?)
17. Tomás Antônio Gonzaga - Marília de Dirceu (l792)
18. Domingos Caldas Barbosa - Viola de Lereno (1798)
19. Silva Alvarenga - Glaura (1799)
1.2 Século 19 – Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo
20. Gonçalves de Magalhães - Suspiros poéticos e saudades (1836)
21. Martins Pena - O juiz de paz na roça (1838-1842)
22. Joaquim Manuel de Macedo - A moreninha (1844)
23. Gonçalves Dias – Primeiros Cantos (1846)
24. Gonçalves Dias – Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão (1848)
25. João Francisco Lisboa - Jornal de Timon (1852-1854)
26. Álvares de Azevedo - Obras (1853-1855)
27. Francisco Adolfo de Varnhagen - História geral do Brasil (1854-1857)
28. Junqueira Freire - Inspirações do claustro (1855)
29. Manuel Antônio de Almeida - Memórias de um sargento de milícias (1855)
30. José de Alencar - O Guarani (1857)
31. José de Alencar - O demônio familiar (1858)
32. Luís Gama - Primeiras trovas burlescas (1859)
33. Casimiro de Abreu - Primaveras (1859)
34. Tavares Bastos - Cartas do Solitário (1862)
35. Fagundes Varela - Cântico do Calvário (1865)
36. José de Alencar - Iracema (1865)
37. Corpo-Santo - Comédias (1866)
38. Sousândrade - O Guesa (1867-1884)
39. Castro Alves - Vozes d’África, O navio negreiro (1868)
40. Castro Alves - Espumas flutuantes (l870)
41. Visconde de Taunay – Inocência (1872)
42. Machado de Assis - A mão e a luva (1874)
43. José de Alencar - Senhora (1875)
44. Bernardo Guimarães - A escrava Isaura (1875)
45. Machado de Assis - Iaiá Garcia (1878)
46. Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
47. Machado de Assis - Papéis avulsos (1882)
48. Joaquim Nabuco - O Abolicionismo (1883)
49. Raimundo Correia - Sinfonias (1883)
50. Raul Pompéia - O Ateneu (1888)
51. Olavo Bilac - Poesias (1888)
52. Sílvio Romero - História da Literatura Brasileira (1888)
53. Aluísio Azevedo - O cortiço (1890)
54. Machado de Assis - Quincas Borba (1891)
55. Cruz e Sousa - Broquéis (1893)
56. Rui Barbosa - Cartas de Inglaterra (1896)
57. Artur Azevedo - A Capital Federal (1897)
58. Joaquim Nabuco - Minha formação (1898)
59. Alphonsus de Guimaraens - Dona Mística (1899)
60. Machado de Assis - Dom Casmurro (1899)
1.3 Século 20
61. Euclides da Cunha - Os Sertões (1902)
62. Rui Barbosa - Réplica às defesas de redação do Projeto do Código Civil (1902)
63. Graça Aranha - Canaã (1902)
64. Cruz e Sousa - Últimos sonetos (1905)
65. Capistrano de Abreu - Capítulos de história colonial (1907)
66. Vicente de Carvalho - Poemas e canções (1908)
67. Augusto dos Anjos - Eu (1912)
68. Lima Barreto - Triste fim de Policarpo Quaresma (1911)
69. José Veríssimo - História da literatura brasileira (1916)
70. Monteiro Lobato - Urupês (1918)
71. Valdomiro Silveira - Os caboclos (1920)
1.4 (Modernismo)
72. Mário de Andrade - Paulicéia desvairada (1922)
74. Manuel Bandeira - Ritmo dissoluto (1924)
75. Oswald de Andrade - Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
76. Oswald de Andrade - Pau-Brasil (1925)
77. Guilherme de Almeida - Raça (1925)
73. Simões Lopes Neto - Contos gauchescos (1926)
78. Alcântara Machado - Brás, Bexiga e Barra Funda (1927)
79. Mário de Andrade - Macunaíma (1928)
80. Cassiano Ricardo - Martim-Cererê (1928)
81. Manuel Bandeira - Libertinagem (1930)
82. Carlos Drummond de Andrade - Alguma poesia (1930)
1.5 (Depois do modernismo)
83. Raquel de Queirós - O Quinze (1930)
84. José Lins do Rego - Menino de engenho (1932)
85. Gilberto Freyre - Casa grande e senzala (1933)
86. Graciliano Ramos - São Bernardo (1934)
87. Jorge Amado - Jubiabá (1935)
88. Sérgio Buarque de Holanda - Raízes do Brasil (1935)
89. Érico Veríssimo - Caminhos cruzados (1935)
90. Rubem Braga - O conde e o passarinho (1936)
91. Dionélio Machado - Os ratos (1936)
92. Graciliano Ramos - Angústia (1936)
93. Otávio de Faria - Tragédia burguesa, I, Mundos mortos (1937)
94. Graciliano Ramos - Vidas secas (1938)
94. Marques Rebelo - A Estrela sobe (1938)
95. Murilo Mendes - A poesia em pânico (1938)
96. Jorge de Lima - A túnica inconsútil (1938)
97. Cecília Meireles - Viagem (1939)
99. José Lins do Rego - Fogo morto (1943)
100. Carlos Drummond de Andrade - A rosa do povo (1945)
101. Guimarães Rosa - Sagarana (1946)
102. Vinicius de Moraes - Poemas, sonetos e baladas (l946)
103. Henriqueta Lisboa - Flor da morte (1949)
104. Érico Veríssimo - O tempo e o vento(1949-1961)
105. João Cabral de Melo Neto - O cão sem plumas (1950)
106. Carlos Drummond de Andrade - Claro enigma (1951)
107. Jorge de Lima - Invenção de Orfeu (1952)
108. Cecília Meireles - Romanceiro da Inconfidência (1953)
109. Graciliano Ramos - Memórias do cárcere (1953)
110. João Cabral de Melo Neto - Morte e vida severina (1956)
111. Guimarães Rosa - Grande sertão: veredas (1956)
112. Guimarães Rosa - Corpo de baile (1956)
113. Clarice Lispector - Laços de família (1960)
114. Guimarães Rosa - Primeiras estórias (1962)
115. João Antônio - Malagueta, Perus e Bacanaço (1963)
116. Clarice Lispector – A paixão segundo G.H. (1964)
117. Osman Lins - Nove Novena (1966)
118. Antônio Callado - Quarup (1967)
119. Haroldo de Campos - Xadrez de estrelas (1974)
120. José Paulo Paes - Um por todos (1986)
Alfredo Bosi novembro de 2005
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