Da Crítica como Missão


     O crítico literário, esse cavalo sensível, atravessa a brisa em flor dos campos e alcança, relinchando, a alvorada do texto.  Só então levanta voo rumo ao pluricastelo dos signos imortais.

     Ele sabe que tais signos o vencerão sempre, sempre, em combates de honra, irrecusáveis.

     E sol após sol, novamente vivo e restaurado, ei-lo esmagando o pasto metafórico, combatendo verbos e gestos, ais e emoções, exaltando somente graças líricas e prosas felizes, em nome da Voz.

     Ao longe o alto palácio o espera, cordial, majestoso, onde ele repousará sob um cobertor de silêncios consentidos, implícitos.

     Tentam alguns execrá-lo, exorcizá-lo, expurgá-lo, apedrejá-lo e expulsá-lo de cidadelas, fortalezas, feudos e reinos; às vezes, no entanto, ganha batalhas e aplausos sinceríssimos... 

     E prossegue em marcha, tropa em armas.  Mas para onde e para quê, afinal?  Valerá de fato a(s) pena(s)?!

     ...Telvez valha, posto que ele vê na crítica um fado, não um fardo.  E cumpre-o com fé e felicidade.

Enviado por Jô do Recanto das Letras em 19/01/2009
Reeditado em 17/07/2013
Código do texto: T1393625
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