Escrever ou não escrever?

Por que escrever é tão difícil? – Para esta questão existem várias possíveis respostas, entre elas: porque não sabemos escrever, ou melhor, não sabemos o que ou como escrever.

E, com não saber o que escrever, não digo que faltam idéias para por no papel, na verdade, não sei quais delas usar, quais serão aceitas pelos leitores e quais não. Como bem disse Chico Moura, quantas vezes queremos emitir nosso ponto de vista sobre um assunto e nossa formação nos impede, em outras palavras, o temor do que os outros vão pensar nos tolhe a criatividade.

Agora, não saber como escrever é um problema ainda mias sério; porque, se tenho idéias, e as tenho aos montes, mas não sei qual usar, o bom senso acaba me “dizendo” qual colocar no papel e qual não, mas, quão grande será a dificuldade do escritor que não souber como por essas idéias no papel?

Este é, muito provavelmente, o maior problema de qualquer escritor; como dispor as idéias de maneira que o interlocutor compreenda do texto aquilo que se intentou que compreendesse? – É muito complicado, mesmo a escolha lexical pode levar o interlocutor a uma interpretação diferente da que se intentou originalmente, claro que num texto literário isto é bom, até aconselhável, agora, na redação do vestibular, isso pode acarretar um problema sério para o vestibulando.

Logo, nada mais natural que a preocupação com o que o leitor pode apreender do texto se torne também um ponto crítico para o escritor, uma vez que não escrevemos para nos mesmos e sim para outros que estão separados de nós no tempo e no espaço, o que dificulta bastante a relação de interlocução, uma vez que não podemos “explicar” o que queríamos dizer no texto.

Acredito que a experiência de escrever, pelo menos até terminarmos de fazê-lo, é sempre desagradável e dolorosa, alias, acho mesmo que sou um pouco masoquista... – mas quando o texto está terminado, sinto-me realizado, como disse Otto Lara Resende: “Só a criança e o poeta têm os olhos abertos para o espetáculo do mundo” e eu acrescento: para as delicias da palavra...