A PROSA SIMBOLISTA DE RAUL BRANDÃO

Raul Brandão é o escrito que dentro da literatura portuguesa foi o primeiro a aborda a angústia existencialista. Apesar de ser o precursor dessa corrente é um tanto desconhecido das pessoas. Isso ocorre porque a prosa simbolista ao contrário da poesia é apagada e se não fosse pelos textos desse autor o anonimato dela seria completo.

Dentro da prosa portuguesa Brandão é um caso singular, oscilar constantemente entre o trágico é o grotesco. Interessado em investigar o mundo interior das personagens esse escritor surpreende ao provocar um choque entre a essência do homem e as circunstâncias em que este é obrigado a viver.

Conseqüência disso é uma literatura forte e dramática, graças a linguagem maleável em que o autor incorpora o poético na procura da expressão mais adequada. Assim escreve obras de cunho histórico, peças de memória, etc, no entanto a expressão máxima de sua produção está na prosa de ficção. Essa mistura de gêneros formou um legado impar.

Em Húmus (1917) a obra que melhor define essa fase, o autor expõe a angústia existencial a partir de um excelente retrato da brevidade da vida, já em Pescadores (1923) ele revela seu amor à natureza e a autenticidade dos costumes populares.

Conforme o exposto, percebe que a obra de Raul Brandão é desigual, em virtude dela ter surgido num momento de transição entre os séculos XIX e XX, por isso apresenta características tão variadas que vão do realismo/naturalismo ao simbolismo e ainda com um esteticismo decadente.

O escritor recebe também influências de Tolstoi e Dostoievsky, por isso abandona o movimento simbolista do grupo boêmio ao qual pertenceu no Porto. Baseado nos autores mencionado Raul Brandão recupera os valores psicológicos e sociais passando a observa mais a vida sofredora, mas genuína do povo português.

Dessa forma uni ficção e realidade a partir da reflexão sobre a condição humana, a situação em que o indivíduo se debate com a dureza da vida. Para isso criou personagens que conviveram com o sofrimento o remoço, muitos deles a procura de uma redenção impossível, freqüentemente imersos numa atmosfera de sonho fantasmagórico num ambiente e tempo abstrato e de valor simbólico como os personagens.

De acordo com o que foi mencionado, verifica-se que a prosa de Raul Brandão reflete uma forma de escrever toda particular, sempre atenta à aparência das coisas, absorvida pela meditação sobre a condição humana, através de um estilo essencialmente poético, e distinguido pela ingenuidade sensorial e por uma sintaxe sem construção gramatical rigorosa, mais com vibrações de ritmos vitais e significativos.

Pela complexidade de uma produção nefelibata pelo lado da sensibilidade e impressionista pelo lado do realismo crítico. Raul Brandão tornou-se um dos portugueses ilustres da prosa, deixando um espólio de fantasmagoria e (des) ilusão do mundo e dos homens, marcando assim, a virada das letras portuguesas do fim do século XIX.

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Referencias Bibliográfica

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através de textos. 22 ed. São Paulo: Cultrix, 1997.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa em perspectiva. São Paulo: Atlas, 1994.

PINHEIRO, Célio. Introdução à literatura portuguesa. São Paulo: pioneira, 1991.

janayres
Enviado por janayres em 22/03/2006
Código do texto: T127067