Mudanças

A partir de janeiro, idéia perde acento

O presidente Lula pode até não saber (provavelmente não sabe), mas ao assinar o acordo para a reforma ortográfica hoje na Academia Brasileira de Letras fez um enorme favor aos milhões de brasileiros que escrevem diariamente em português no Brasil. Consegui uma síntese das regras mais importantes, para que você comece a treinar para janeiro de 2009, mês a partir do qual se tornará vigente o acordo.

Primeiro, o k, o w e o y entrarão no alfabeto, que passa a ter 26 letras. Bingo para os professores de inglês, que terão menos trabalho para lidar com o complexo de inferiridade das crianças que não entendem por que o inglês tem mais letras que o português. Outra novidade, essa bem-vindíssima, é a morte do trema, que desaparece totalmente e só fica em palavras estrangeiras, como Müller. Dessa forma, agüentar vai virar simplesmente aguentar e tranqüilo vai passar a ser tranquilo. Mas atenção: a pronúncia não muda em nada. Vamos continuar a falar trancuilo e não trankilo, como em espanhol.

A mais estranha mudança para mim é no acento agudo, que vai desaparecer nos ditongos abertos ei e oi. Ou seja: palavras como idéia e heróico passarão a ser ideia e heroico. O acento circunflexo, meu Deus, também vai desaparecer em palavras com o o e o e duplo. Agora, em vez de vôo e enjôo, vai ser voo e enjoo. Em vez de crêem e lêem, vai ser creem e leem. Muito estranho isso.

Mas nada que se compare ao sumiço do acento diferencial. Para os desavisados, vale lembrar que esse tipo de acento, que pode ser agudo ou circunflexo, serve para marcar a diferença de significado entre palavras com a mesma grafia. Atualmente, distingüe-se o pára (do verbo parar) do para (preposição) por meio dele. Pelo (combinação de per mais lo) e pêlo (do corpo) também são diferenciados pelo agonizante acento diferencial.

A última mudança signigicativa para nós, brasileiros, é sobre o hífen, cujo emprego só não é mais difícil que a vírgula. Agora, com a reforma, ele some quando o segundo elemento da palavra começar com s ou r. Nesses casos, as consoantes devem ser dobradas, como em antissemita (atualmente, anti-semita) e em antirreligioso (atualmente, anti-religioso). Quando os prefixos terminam em r, no entanto, mantém-se o hífen: super-resistente, hiper-requintado. Mas não se afobe não, que nada é pra já. As regras de emprego do hífen ainda não foram todas definidas. Palavras como pé-de-moleque ou café-da-manhã, hifenizadas caso a caso, ainda dependem de regras que serão criadas pela Academia Brasileira de Letras.

FONTE: GUILERME AMADO

GRAMÁTICA, LITERATURA

ysabella
Enviado por ysabella em 13/10/2008
Código do texto: T1227065
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