O SONETO
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Itália, Sonetto
Composição poética de catorze versos, dispostos em dois quartetos e dois tercetos. É uma das mais perfeitas formas de poesia no gênero lírico. E das mais difíceis também, uma vez que nos catorze versos se enquadra toda uma sentença poética, todo o enredo de uma pequena história vivida ou imaginada pelo autor.
A paternidade do soneto durante algum tempo foi atribuída a Píer Della Vigna (poeta siciliano, 1197–1249). Atualmente, a maioria dos estudiosos inclina-se a considerar Giacomo da Lentino (1180–1190?/1246?), também poeta siciliano, inventor do soneto (século XII). Dos dezenove sonetos compostos entre 1220 e 1250 - os mais remotos que se conhecem - quinze pertencem a Giacomo. Dante foi o primeiro grande poeta a cultivar o soneto, mas coube a Petarca, no século XIV, o mérito de lhe haver emprestado uma forma e um conteúdo que se tornariam modelares.
Na origem o soneto apresentava, no geral, o seguinte esquema de rimas: abba / abba / cde / cde. A variação das rimas torna-se, mesmo, um dos expedientes prediletos dos sonetistas dedicados à forma, chegando, por vezes, ao soneto de versos brancos, ou sem rima.
O último verso do soneto, porque encerra o conceito fundamental do poema, constitui o «fecho de ouro» ou a «chave de ouro».
No que diz respeito à estrutura, diversas soluções têm sido empregadas, geralmente no afã de ultrapassar a limitação que os catorze versos decretam a fantasia do poeta.
O soneto apresenta duas variedades: o italiano e o inglês.
O Soneto Italiano compõem-se de dos quartetos e dois tercetos. A distribuição das rimas é muito variável. No soneto italiano clássico os quartetos são construídos sobre duas rimas (abba/abba ou abab/abab); os tercetos, sobre duas ou três (cdc/dcd ou cde/cde, ou ainda, ccd/eed).
Considera-se irregular misturar os dois esquemas de rimas do quarteto; por exemplo, rimar num quarteto abba e noutro abab.
O Soneto Inglês ou Shakespeariano compõe-se de três quartetos e um dístico (estrofe de dois versos). O esquema de rimas mais usual é abab/cdcd/efef/gg. Como é de perceber, o soneto inglês só tem de comum com o italiano o número de versos.
Quando vários sonetos são ligados entre si por um tema, temos uma sequência de sonetos; como é o caso, por exemplo, dos cento e cinquenta e quatro sonetos de Shakespeare.
Quando se alinham quinze sonetos em que a partir do segundo, cada um tem como verso inicial o último verso do soneto anterior, e o décimo quinto se compõe dos versos repetidos, os quais devem formar um sentido, temos uma coroa de sonetos. Os italianos denominam de Soneto Magistrale o primeiro de uma “coroa de sonetos”.
Os poetas modernos têm tomado em ralação à construção do soneto italiano, toda sorte de liberdades. Machado de Assis, no Soneto Contínuo, usa apenas duas rimas (abab/bab/aba/aba). Cassiano Ricardo, no soneto O Herói Triste, rima apenas os últimos versos dos quartetos e dos tercetos. Drummond no Soneto da Perdida Esperança eliminou as rimas.
Outros poetas chegam ao ponto de não guardar a forma do soneto italiano ou inglês como fez Fernando Pessoa que usou os catorze versos juntos, nos seus 35 Sonnets que fazem parte dos Poemas Ingleses.
O metro mais usado no soneto tem sido o decassílabo com acento na 4ª, 7ª e 10ª sílabas. Já foram feitos sonetos de uma sílaba (muito raro) até o alexandrino (de doze sílabas).
De início exclusivamente amoroso, com o tempo o soneto passou a desenvolver outros temas, tais como: satíricos, humorísticos, épicos, elegíacos, etc.
No Brasil, Gregório de Matos o cultivou, mas os poetas do Romantismo não se interessaram por ele, voltou, no entanto, a predominar com o Parnasianismo e o Simbolismo, destacando-se como sonetistas Olavo Bilac e Cruz e Souza. ®Sérgio.
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Ajudaram na elaboração deste texto: Assis Brasil, Vocabulário Técnico de Literatura e Massaud Moisés, A Criação Poética.
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