O Nano-Soneto
As artes mudaram. A literatura mudou. O lirismo mudou. E o soneto, o maior representante da poesia clássica também mudou. Assim, surgiu o soneto branco e o soneto sem métrica, onde as sílabas poéticas não fazem diferença. Não quero ser um revolucionário, e sei que algumas críticas virão, mas percebo que novos rumos devem ser seguidos. Assim como já publiquei um “Microsoneto” aqui mesmo no recanto, inicio agora o maior de meus devaneios: o Nano-Soneto. A regra básica para a construção é a seguinte: São duas estrofes. A primeira formada por dois versos, e a segunda por apenas um verso. Porém, cada verso é dividido em dois sub-versos. Os dois sub-versos que compõem o primeiro verso não rimam entre si, e nem com o primeiro sub-verso do segundo verso. Já o segundo sub-verso do segundo verso rima com o primeiro sub-verso do primeiro verso. É colocado um espaço entre a primeira estrofe e a segunda, que contém o terceiro verso. O primeiro sub-verso do terceiro verso rima com o segundo sub-verso do segundo verso, e o segundo sub-verso do terceiro verso rima com o segundo sub-verso do primeiro verso. Os dois sub-versos de cada verso devem ser separados por ponto-e-vírgula. Sobre a métrica, cada sub-verso é composto por cinco sílabas poéticas.
Exemplos de Nano-Sonetos:
Fuga
Fugi de meus sonhos; singela escapada
Na fria escuridão; risos enfadonhos
Em meu coração; fizeram morada
Reencarnação
Amores sórdidos; sem culpa ou pudor
Paixões tão sofridas; pecados mórbidos
Por várias vidas; escravos da dor
Minha senhora
Perfeita criação; senhora só minha
Dona do ar, da lua; sonho e emoção
Minh’alma é tua; e contigo caminha
Oráculo
Alucinação; signos provençais
Talvez nada seja; um sonho, ou visão
Ou talvez eu veja; futuros sinais