Haibun Brasileiro
Escrever e não divulgar é pior do que não escrever.
Minha cabeça parece uma Caixa de Pandora. Quando vou dormir fecho as portas, gavetas e tramelas. Ao acordar, no susto, meu Deus, um verdadeiro espanto!!! Despenca então, do meu imaginário poético, uma montanha de novas ideias. Jogo tudo para o alto, escolho uma delas e vou em frente, marchando - sol a pino.
Hoje, a primeira informação que chegou em minhas mãos foi sobre o Haibun. Gostei tanto que já vou logo propor uma vertente mais liberal.
Não estou criando nada novo. O que almejo é uma simples adaptação do Haibun para outros tercetos (que não sejam os próprios haicais).
Acredito poder vir a ser uma boa alternativa para os alunos do ensino fundamental, uma vez que eles estariam praticando a escrita e a criatividade poética, tudo ao mesmo tempo. Levando-se em consideração, obviamente, o grau de escolaridade em que eles se encontrariam.
O Haibun é um texto curto... Poucas linhas. Uma pequena prosa seguida por um ou mais Haicais. Pode ser autobiográfico ou não. Como também, uma cena de paisagem. Foi muito usado por Bashô em suas viagens. É considerado até um dos seus trabalhos mais significativos.
Proponho o Haibun Brasileiro.
Também uma prosa curta, com um ou mais tercetos. No entanto, com a obrigatoriedade do uso de título e figuras de linguagem.
Para o terceto, não existe limite pré-estabelecido quanto ao número de sílabas, isto fica a bel-prazer e bom senso do autor. Lembrando que a concisão será sempre bem-vinda e que, as regras do terceto escolhido terão que ser respeitadas.
Duas características importantes a observar:
1ª - A prosa é o mote para o terceto, como também o é, no Haibun japonês.
2ª - No Haibun japonês são observados sempre os fenômenos da natureza para a feitura dos poemas. Já no Haibun Brasileiro, os temas são livres.
No Haibun japonês só a prosa é identificada com título. No Haibun Brasileiro, o título é obrigatório tanto para a prosa como para o terceto. Para que fique claro: os títulos terão que ser diferentes: a prosa recebe uma titularidade, o terceto outra.
Um exemplo de minha autoria.
Menino peralta
Quando pequeno não era um menino qualquer, era levado demais para os padrões daquela época. É bom lembrar que tenho hoje 77 anos, mas nada foi apagado de minha memória. Tenho tudo registrado, de cor e salteado. Minha cabeça, para isso, é um computador.
As grandes diversões que tínhamos eram o futebol e as brigas - que eram combinadas na hora do recreio. Eu não era forte, mas não tinha medo. Apanhava, voltava, apanhava... Quando chegava em casa, apanhava de novo de minha mãe!
Nessas "brincadeiras" quebrei o nariz por três vezes. Na última, acabei ficando feliz da vida... A pancada fizera com que meu nariz voltasse para o lugar de onde nunca deveria ter saído.
1- Moleque
brigava como cão
roupa rasgada, nariz quebrado
... saudade do menino mal passado
2- Malandragem
brigava como o capeta
apanhava como um cão
saudade é o que não me falta
Agora que você conheceu a minha proposta para o Haibun Brasileiro, que tal tentar escrever um?
... E viva a poesia!!!