Duplix, Triplix e Multiplix
Duplix, Triplix e Multiplix são formas poéticas derivadas do Poetrix, feitas por duas, três ou mais pessoas, respectivamente. Transcrevemos correspondência enviada pela Tê Soares, uma das criadoras do DUPLIX para a nossa lista de intercâmbio (poetrix@yahoogroupos.com.br), dando explicações sobre as mesmas, alguns exemplos e as regras das formas múltiplas.
Caros poetrixtas:
O Poetrix surgiu de uma brilhante ideia do poeta baiano Goulart Gomes. No nosso entender, o brilhantismo de sua "criação" foi a formação de um grupo de escritores via Internet, em que todos recebem, ao mesmo tempo, os diversos poemas como se fosse uma mesa redonda. Esta troca de e-mail permitiu um maior entrelaçamento de parte a parte. É importante dizer que o grupo é formado por poetas de vários países, o que, com certeza, dá ao Poetrix, uma força maior.
Desse contato, nós, Pedro Cardoso e Tê Soares, começamos a trocar Poetrix e a perceber que havia uma grande sintonia na compreensão dos conteúdos e nas ideias. Um dia, Pedro encaminhou um Poetrix e a Tê não resistiu. Para mexer com ele e sair brincando com as palavras, criou e juntou um Poetrix e pronto! Era um autêntico Duplix!
O Duplix não pode ser comparado com os Tankas, essa modalidade de Poetrix tem que ser elaborada a partir de um terceto pronto. Tem de ser um desafio, ser feito por dois poetas, ter rimas e vida própria. É quase um casamento, onde cada um dos dois já existe, faz sentido e tem seu papel. Ao juntarem-se, formam um casal - o Duplix - que, igualmente, é um ser completo, composto de duas partes entrelaçadas e fazendo um novo sentido. Para saber se dois poetas compuseram um Duplix é simples: leia o primeiro Poetrix independente do seu parceiro. Leia o do parceiro. Ambos têm de ser compreendidos sozinhos e, juntos, estarem no mesmo assunto, mas sendo outro terceto.
O nosso objetivo é lançar o DUPLIX e, agora, também o TRIPLIX, que, em verdade, são apenas uma derivação do Poetrix, pois terão que ser obrigatoriamente apresentados de forma separada e em conjunto, ou seja, não poderão ser feitos por uma só pessoa. Essa é a regra de ouro e obrigatória para que nos mantenhamos fiéis à origem e finalidade de ambos. Além disso, o Duplix (e cada um dos Duplix que compõe um Triplix) não poderá ter mais que sessenta silabas e deverá apresentar as mesmas rimas do poema original para garantir o ritmo e a musicalidade (não importa que sejam na mesma ordem do primeiro e nós temos nos perguntado se isto é viável ou é melhor deixar a rima a critério do escritor, mas como estamos apenas nascendo, ainda haverá muito tempo para errar e acertar...)
O Duplix é, na verdade, um desafio. Acreditamos que a tarefa não seja das mais fáceis, mas é maravilhoso ter intimidade suficiente com as palavras para brincar com elas, além de ser pura arte...
Beijos da Tê para os meninos, do Pedro para as meninas e abraços para todo mundo.
O PRIMEIRO DUPLIX:
EU e EU
Menino carente // menina contente
feito pinto no lixo // feito quem brinca de cochicho
rega a vida, enganando a boca // negando a dor, veemente e louca
Pedro Cardoso // Tê Soares
DUPLIX PESSOIX
um terço de mim delira // a vida me convida
um terço de mim pondera // o medo me atrela
outro terço: ah! quem dera! // sou inteira quimera...
Goulart Gomes // sara fazib
DUPLIX FLAGRA
Me pegaram de jeito // vigilantes tecelãs
osculando a manhã tecida // nos teares da alvorada,
a ouro em pó e praia // sereias douradas.
Amélia Alves // Walter Cabral de Moura
TRIPLIX FLAGRA
Me pegaram de jeito // vigilantes tecelãs // guardiãs da madrugada
osculando a manhã tecida // nos teares da alvorada, // na fina malha do tempo
a ouro em pó e praia // sereias douradas / cavalgando o vento
Amélia Alves // Walter Cabral de Moura // sara fazib
O PRIMEIRO MULTIPLIX
FEROHORMÔNIO MARINHEIRO
Pressinto-te no ar, // [ no mar ] // navego lentamente //, velas pandas
Farejo-te no vento. // [ sedento ] // me entrego, // em liberdade,
Qual bicho ao relento. // [ me rendo ] // como se você fosse uma deusa.// grega.
Sávio Drummond // [sara fazib] // Pedro Cardoso // fausto
REGRAS DO DUPLIX
1 - DEFINIÇÃO
O Duplix foi criado pelos poetrixtas Tê Soares e Pedro Cardoso. É uma composição poética
elaborada a partir da junção de dois Poetrix. Cada um dos versos dos Poetrix que o compõem devem ser harmônicos, dando um sentido único.
Exemplo:
Juras Ausente
No dorso amante,//do homem nu
a mão ausente//recende...
é dor só.//Solidão.
Tê Soares / Pedro Cardoso
2 - ESTRUTURA
2.1 - Chamamos de POETRIX RAIZ (PR) o que deu início ao Duplix e de POETRIX
COMPLEMENTAR (PC) ao que resultou no Duplix.
2.2 - Os versos dos Poetrix que compõem o Duplix são graficamente separados por duas barras(//), ao sendo impedido que outras formas de diferenciação sejam adotadas como (fontes, cores etc)
2.3 - Na elaboração dos versos é desejável a existência de verbos para que a estrutura sintática, sendo obedecida, facilite na clareza e compreensão, embora não seja proibida a sequência de palavras da mesma classe gramatical.
2.4 - O Duplix deve conter, no máximo, 60 sílabas para que não se perca a concisão e suas características
2.5 - A pontuação deve fazer sentido tanto individual quanto duplamente. Ela deve ser usada em cada um dos Poetrix para que eles tenham sentido, no entanto, obrigatoriamente, estar colocada de tal forma que estejam inseridas corretamente também quando da leitura do todo do Duplix.
A alteração da pontuação do Poetrix raiz, bem como a quebra de versos, só poderá ser feita com o consentimento prévio do autor do Poetrix originário.
2.6 - Fica livre o uso ou não de rimas para preservar a liberdade de criação poética.
3 - DO TÍTULO
O título do Poetrix complementar, para formar o Duplix, deve formar um novo título único, que faça sentido.
4 - DO TEXTO
O texto do Poetrix complementar, para a formação do Duplix, não precisa dar continuidade à ideia original, podendo ter um sentido adverso ao POETRIX RAIZ.
5 - DA FORMA
5.1 - Um mesmo Poetrix, dada a liberdade de expressão e de criatividade, pode gerar tantos Duplix quantos forem desejados.
5.2 - Devem ser respeitadas, sobretudo, a liberdade para a criação, forma e a escolha de parcerias, ficando, porém obrigatório constar o nome de cada um dos autores;
5.3 - As relações entre os tercetos são abertas à criação e cada Poetrix, dentro do Duplix, bem como este último como raiz de um Triplix (que terá no máximo 90 sílabas), podem gerar novas composições livremente tanto à direita quanto à esquerda ou ainda, ao centro.
5.4 - Diferentes modalidades de composição podem ser criadas a partir da junção dos Poetrix como: o Triplix (três Poetrix ), o Multiplix (quatro ou mais Poetrix), o Classificatrix (classificados poéticos na forma de Poetrix ou Duplix), o Clonix e ainda, as cirandas de Poetrix, que podem ser encadeadas (um Poetrix em resposta ao outro).
6 - FORMAS MÚLTIPLAS DE POETRIX
TRIPLIX: Idêntico ao Duplix, mas formado por três Poetrix.
MULTIPLIX: Idêntico ao Duplix, mas formado por quatro ou mais Poetrix.
CLONIX: Poetrix elaborado a partir da substituição de poucas palavras em um Poetrix Raiz
INVERTRIX: Poetrix elaborado a partir da inversão de palavras em um Poetrix Raiz, sem subtrair nem acrescentar outras.
7 - TIPOS DE DUPLIX
7.1 - DUPLIX SIMPLES: formado pela união de dois Poetrix, podendo o PC ser colocado antes ou depois do PR.
7.2 - DUPLIX COMPLEXO (OU MISTURIX): Formado a partir de dois Poetrix pré-existentes que, devido às coincidências de tema, proximidade de intenções e complementaridade, formam uma nova composição poética. Pode ser feito por um terceiro Poetrixta, juntando Poetrix de dois
outros poetrixtas ou pelo próprio autor, juntando dois Poetrix seus (AUTODUPLIX).
7.3 - DUPLIX RARO: aquele em que alterada a disposição PR//PC para a posição PC//PR Apresenta outro sentido ao final da composição.
Enviado por Academia Poetrix em 25/11/2006
Alterado em 22/11/2008
Autores: Tê Soares e Pedro Cardoso