Garimpatrix
Sempre disse que o Poetrix está no início de sua caminhada. Portanto, estou continuamente em busca de novas alternativas para essa forma de expressar poesia. Esta é uma atividade saudável que recomendo aos amantes dos versos, quer nas horas de folga, quer nas de lucidez.
Hoje, trocando ideia com o Dreyf, fui desafiado para que criássemos o Garimpatrix!
Gostei tanto da ideia que logo comecei a desenvolver um breve e simples roteiro explicativo de como se dá o Garimpatrix.
Roteiros, manuais, teorias e outros que, algumas vezes, complicam o que é simples. Este certamente não será o caso.
Como a própria denominação induz, Garimpatrix é, literalmente, um “garimpo poético”, no qual se juntam autores de distintas formas de expressão literária num processo de cocriação poética.
Como se faz, então, esse “garimpo poético”?
Simples! Tomando por mote e base um poema de domínio público, ou para tanto oferecido por seu próprio autor. Todos que quiserem aderir ao Garimpatrix dessa obra devem “garimpar” nesse texto poético versos, termos e expressões, até mesmo trechos inteiros, que bem construam um Poetrix!
Mas não basta o garimpo de versos, é fundamental que a obra resultante seja, de fato, um Poetrix, cujo mote e mensagem se coadune, reflita, remeta e/ou faça referência ao que expressa o poema base.
Os versos, termos ou trechos escolhidos, podem sofrer do autor do Poetrix algum tipo de ajuste para que se tenha versos lógicos e adequados ao contexto do mote dado. Obviamente com respeito à obra original.
De um único poema posto em Garimpatrix podem ser garimpados inúmeros Poetrix criados por muitos e diferentes autores, todos feitos por intertextualidade.
O poema base e sua autoria será obrigatória e especificamente mencionado, como feito em coautoria, em toda e qualquer menção, divulgação, publicação ou apresentação, por qualquer meio, do Poetrix resultante da intertextualidade com a obra posta no Garimpatrix, o que evitará qualquer possibilidade de plágio.
No Garimpatrix, o poema original não poderá ser um terceto porque a ideia é justamente a de garimpar Poetrix a partir de um poema maior.
Poderá também garimpar Poetrix o próprio autor do poema base posto para intertextualidade em um Garimpatrix.
A título exemplificativo, tomo um poema de minha autoria para iniciar a criação dessa nova modalidade que ora proponho.
Mulher de ferro
(para Lenir Frossard)
queria ser campeã do mundo,
perdi muito!
queria ser forte,
só isso... FORTE!
consegui ser três em uma.
queria remar e nadar,
tudo ao mesmo tempo,
cheguei do outro lado do rio
quase sem força.
queria chorar
chorar pra quê?!
fui andando
tropeçando...
tudo sem cair.
a noite era longa,
o dia passava em um triz
tempo (in)suficiente
pra sonhar e respirar.
na verdade
eu queria ser só eu,
eu mesma
nua...
só com as vestes do corpo
foi assim que chorei
um choro m(i)udo:
às vezes de medo
às vezes de dor
às vezes de tudo e tudo misturado.
ah! não queria a loucura do ontem,
do depois de ontem
e do depois do depois...
ai, que saudade que tenho da menina que fui!
parece que ela me esqueceu
parece que ela foi embora
parece que ela... já não sou eu.
Ah, nem mesmo a sombra de mim me pertence!
quero ir,
ir para onde?!
minha casa está vazia,
está sem mim
tudo é tão triste
tudo é tão só
hoje sou só - solidão...
eu e Eu,
outra vez
Vejamos:
Neste caso específico, temos dois Poetrix criados pelo Dreyf. Vejam que eles estão contidos no poema base (Mulher de ferro).
O título fica por conta do autor que escrever os Poetrix garimpados. É obrigatório que o título esteja relacionado com o poema base. Porém, é de livre escolha de cada um dos seus autores.
1 - Alma vazia
(Dreyf)
de mim se foi, se esqueceu
nem sombra dela tenho mais...
saudades da menina que fui
2 - REXISTIR
(Dreyf)
remar, nadar, chegar...
só, do outro lado do rio
ser, tentar, viver
Observação:
1 - Se terminarmos aqui, com apenas os dois Poetrix do Dreyf teremos um Garimpatrix de minha autoria e do poeta Dreyf. Mas esta não é a ideia, outros autores estão convidados a fazerem parte deste desafio.
Autores: Pedro Cardoso e Dreyf Gonçalves
... E viva a poesia!!!