A arte do Poetrix

Uma das coisas mais bonitas que vejo no Poetrix são as várias interpretações que ele nos permite.

Os três versos dão uma dimensão ímpar ao poema.

Inúmeras "imagens" podem ser vistas por diversos leitores, em situações distintas.

Pode-se imaginar loucuras.

Gostaria que observassem o Poetrix da poeta Áqueda Mendes da Silva, como exemplo.

No céu cor de chumbo

ora em fita

ora em flecha...

fogem as garças

Veja o título: “No céu cor de chumbo”. A autora já nos leva a imaginar um sinal de perigo, nos dá um aviso de que algo é ameaçador, que o tempo não está nada tranquilo. Ela se posiciona, a situação é pavorosa. Ela nos mostra claramente o "medo" perante um fenômeno da natureza que se avizinha.

Quando ela diz: ora em fita/ora em flecha. Está informando ao leitor a dinâmica da situação, que vai se alternando há todo instante. Sabemos que essas aves vão se revezando na dianteira em seus voos, para que possam atingir longas distâncias sem que, um dos membros, seja sacrificado.

No terceiro verso, o susto: "fogem as garças". É possível “ouvir” a algazarra que elas fazem quando estão em risco de vida. Nessa situação, voam com mais rapidez. Aos gritos, revelam a fragilidade diante de um acontecimento forte da natureza.

Para mim, este Poetrix tem a simplicidade das grandes coisas.

Viva a poesia!!!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 29/06/2012
Reeditado em 07/10/2024
Código do texto: T3750926
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