Palavratrix e Cruzadatrix, por Pedro Cardoso
Quando imaginei o Palavratrix acreditei que ele seria finito, que logo as possibilidades seriam esgotadas, mas imediatamente o Hércio afirmou que ele não era finito, uma vez que novas palavras surgiriam com o passar do tempo. Imediatamente concordei com ele. Nosso idioma é dinâmico e novas palavras surgem todos os dias. Minha idéia foi a de buscar novas leituras e novos significados para palavras que já foram escritas ou ditas por quem quer que seja desde que possam ser fracionadas em três versos distintos. Vejamos um exemplo.
Saci-Pererê
com
pé
lido
Veja que a palavra Compelido foi desmembrada em três vocábulos, cada qual com seu significado próprio. Foi “criado” para ela, novas leituras, novas grafias. Assim sendo temos duas leituras para a mesma palavra. O título é um componente importante dentro do contexto, ele também nos leva a duas interpretações a primeira nos leva ao personagem do folclore brasileiro, aquele que anda com uma perna só a outra leitura refere a palavra “Compelido” no sentido de que o Saci-Pererê é obrigado a andar com uma perna só.
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Quanto ao Cruzadatrix, minha idéia foi de que tivéssemos um novo passa-tempo que lembrasse uma palavra cruzada. Porém as três palavras tem que ter um significado lógico entre elas, não são três palavras quaisquer. É importante observar que as mesmas palavras podem criar imagens diferentes, por isso, a estética e o visual são significativos. Isto sem falar que podemos usar cores para diferencias os versos e facilitar a leitura.
Um exemplo:
Última flor do Lácio
a m o – t e
s
d e s c o n h e c i d a
i
m,
OBS: outra pessoa poderia ter escrito este mesmo poema de outra forma, vejamos...
Última flor do Lácio
a m o – t e
s
s
d e s c o n h e c i d a
m,
Aqui, fica claro que se trata de um dos versos do soneto “Língua portuguesa”. Veja que obedeci rigorosamente a pontuação do autor para que a leitura fosse feita como ele escreveu.
Ainda que o verso de Olavo Bilac tenha sido fracionado, a poesia permanece, ela não deixa de existir com a divisão proposta pelos novos poemas. Pelo contrário, ela sobressai, salta aos olhos, gera novos poemas. Esta “releitura” trás para junto de nós uma parceria que muito rica, onde somos autores e leitores ao mesmo tempo. Isto não impede que façamos um poema com nossas próprias palavras. Vejamos...
Mesa farta
f
a m o r a
u
s i l v e s t r e
a