Escrevendo Haikais
Os Haikais, também chamados de "haikus" no Japão, são poemas sintéticos, às vezes enigmáticos, embora escritos em linguagem simples, que expressam todo um estado de espírito de quem os escreveu. Concebidos originalmente na atmosfera do pensamento "zen", que é a linhagem típica do budismo japonês, foram sistematizados em uma métrica tridimensional de 5-7-5 "kandis" (ideogramas), dispostos em três colunas. Adaptados aos idiomas ocidentais na forma silábica, contam-se 5-7-5 sílabas até a tônica da última palavra em cada verso, havendo certa flexibilidade nisso. Como norma geral, são escritos com os verbos no tempo presente, obrigatóriamente tem de ter sempre algum elemento da natureza (o "kigô", ou têrmo que representa uma das 4 estações do ano) e não podem conter qualquer expressão na primeira pessoa da conjugação verbal. Um ponto importante é o corte ("kire") que é a divisão do haikai em duas partes: é o fator de desequilíbrio do poema. É ele que dá dinamismo e força ao haikai. Pode ser uma contradição, um paradoxo ou uma realidade chocante. Como expressão da vida, o haikai é a surpresa do óbvio revelado, algo que a outros olhos passaria desapercebido, menos para os do autor que teve o "insight". O haikai expressa o momento presente, captado pelo autor instantâneamente, como uma câmera fotográfica que capta uma cena, conexão do passado e do futuro na eterna transitoriedade da vida.