A SENDA DE BASHÔ
Howard Norman
12-8- 2009
Tradução: Prof. José Marins
Na trilha do poeta
"Cada dia é uma viagem, e a viagem a própria casa", escreveu o poeta Matsuo Bashô faz mais de 300 anos na primeira anotação de sua obra prima, Sendas de Oku. Penso em suas palavras ao candidatar-me a caminhar atrás das pegadas deste reverenciado poeta ao longo de sua trilha: a rota de 2000 quilômetros que seguiu através do Japão em 1689. Confesso que imaginar fazê-lo é um tanto assustador. Minha falecida amiga Helen Tanizaki, lingüista oriunda de Kyoto, me disse uma vez: "Todos os meus colegas de escola podem recitar ao menos um dos poemas de Bashô de memória. Foi o primeiro escritor a quem lemos com emoção ou com seriedade". Hoje em dia, milhares de pessoas peregrinam à cidade natal de Bashô e ao seu mausoléu, depois de percorrer partes da Senda de Bashô. Depois de três séculos, suas Sendas, publicadas em inglês e em muitas outras línguas, são importantes para leitores de todo o mundo.
Dadas as incertezas e os duros clamores de hoje, é fácil identificar-se com a vaga inquietude da qual Bashô às vezes se queixava. Qualquer que fosse sua origem - Bashô levou uma vida turbulenta em um Japão em mudança - sua melancolia foi um elemento que se intensificou na maioria de seus poemas, além de ser parte do que, enfim, lançou-o a suas viagens.
Poucos detalhes se conhecem sobre sua infância, mas se crê que nasceu em 1644 na cidade fortificada de Ueno, ao sudeste de Kyoto. Seu pai, um samurai menor, ganhava a vida ensinando as crianças a escrever. Provavelmente muitos dos irmãos de Bashô se tornaram agricultores.
Não obstante, Bashô desenvolveu um gosto pela literature, talvez por ter se posto a serviço do filho do senhor da localidade. Aprendeu o ofício da poesia de Kigin, um poeta proeminente de Kyoto e, nos primeiros anos de sua vida, esteve exposto a duas influências duradoras: a poesia chinesa e os preceitos do taoísmo. Depois da morte de seu amo, Bashô começou a passar temporadas em Kyoto, praticando uma forma chamada haikai, que constituído de versos encadeados.
Nos tempos de Bashô, a primeira estrofe do haikai se converteu em uma forma poética particular: el hokku (**), cujos três versos, breves e sem rima, de cinco, sete e cinco sílabas, intentam capturar a essência da natureza. Bashô publicou seus primeiros haikais com vários nomes; cada um tinha um significado pessoal. Um deles, Tosei, ou "pêssego verde", era uma homenagem ao poeta chinês Li Po (ameixa branca).
Após completar 20 anos, Bashô mudou-se para Edo (hoje a velha Tokyo), uma cidade recém estabelecida que vivia uma grande mudança social e tinha uma população que crescia aceleradamente, um sistema comercial sólido e, para Bashô, uma oportunidade literária. Em alguns anos havia reunido o círculo de estudantes e mecenas que formaram o que chegou a ser conhecida como a Escola de Bashô.
Em 1680, um dos alunos construiu para o poeta uma cabana junto ao rio Sumida e, pouco depois, quando outro deles o presenteou com um talo da árvore basho (uma espécie de bananeira), o poeta passou a assinar com o nome com que ficou conhecido: Bashô. Em crônicas confiáveis de sua vida sustenta-se que durante este período lhe invadiram dúvidas espirituais e iniciou seus estudos do Zen Budismo. Seus pesares recrudeceram quando, em 1682, sua casa ardeu totalmente em um incêndio que acabou com grande parte de Edo, Bashô escreveu:
Cansado da cerejeira,
cansado de todo este mundo,
me sento frente a um saquê turvo
e ao arroz preto.
Em 1684, Bashô fez uma viagem de vários meses até o oeste saindo de Edo, que deu origem ao seu primeiro relato de viagens: Diário de um esqueleto abandonado à intempérie. As viagens então se faziam a pé e o alojamento era primitivo. Todavia, apesar dessas vicissitudes, partiu de novo em 1678 e pela terceira vez em 1678-1688; viagens que relatou na Crônica Kashima e no Manuscrito em um embornal. Bashô escreveu os dois textos em um gênero que ele mesmo refinou profundamente: o haibun, uma combinação entre prosa e haikai. As narrações poéticas de viagens e as extenuantes jornadas que as inspiraram fizeram a reputação de Bashô ainda mais brilhante.
No entanto, no outono de 1688, Bashô confiou a seus amigos que o mundo o angustiava. Exausto pelas incessantes exigências de seus alunos e por sua fama literária, dizia sentir as "brisas do mais além soprar sobre seu rosto". Começou a planejar sua peregrinação a lugares importantes por sua história literária, religiosa ou militar; lugares que desejava ver antes de morrer. Planejava sair nesse inverno, mas seus amigos, preocupados por sua saúde frágil, rogaram-lhe que ficasse até a primavera.
Finalmente, em maio de 1689, acompanhado por seu amigo e discípulo Sora e levando somente um bornal, materiais de escrita e mudas de roupa, Bashô iniciou sua viagem com a firme decisão de tornar-se um "hyohakusha" (aquele que viaja sem direção). Caminhou cinco meses e percorreu aproximadamente 2000 quilômetros pela colinas, os vales, as aldeias e as montanhas ao norte de Edo e ao longo do mar do Japão. Foi esta viagem, plena de maravilhosas anedotas, a que deu lugar à sua obra prima, Senda de Oku. "Era como se a própria alma do Japão ele tivesse escrito", disse no início do século 20, o poeta budista Miyazawa Kenji.
O livro é uma viagem espiritual, equivalente a percorrer o caminho do budismo, despojando-se de todas as posses mundanas e atirando o destino ao vento. Entretanto, a viagem material tinha um lado prático: Bashô ganhava a vida em parte como professor e, durante sua viagem, muitos discípulos de lugares distantes hospedavam com gosto o mestre e recebiam aulas de poesia.
Em 1694, o ano em que Bashô morreu, o famoso calígrafo Soryu escreveu: "Certa vez tinha arrumado meu agasalho de chuva, desejoso de empreender semelhante viagem, e fiquei contente só de imaginar aquelas vistas inusitadas. Quantos sentimentos, as jóias de Kojin, escreveram seu pincel! Que viagem! Que homem!"
Nos séculos posteriores, Bashô converteu-se em muitas coisas para muita gente: sábio boêmio, artista marginal, caminhante inveterado, santo venerado e, sobretudo, poeta imortal. Em suas Sendas, Bashô tece magistralmente o humor depreciativo de si mesmo, os detalhes logísticos, a disciplina budista, a descrição pictórica e, inclusive, a queixa irreverente ("Piolhos e pulgas -/ perto de meu travesseiro/ os cavalos mijam"). Ao mesmo tempo, seu livro oferece um mapa espiritual sortido e atemporal para o viajante. Helen Tanizaki algumas vezes descrevia Bashô assim: "É como um extravagante guia de turistas e filósofo que permite aos leitores experimentarem por si mesmos as viagens àqueles lugares remotos. Em vez de intentar descrever as coisas, somente sente a obrigação de tomar nota delas, como em um imenso esforço de vinculação".
Enquanto visto meu próprio agasalho e me ponho a caminhar atrás das pegadas de Bashô, não guardo ilusões de estar pronto para percorrer o Japão antigo da Sendas. Como afirmou o acadêmico Donald Keene: "Todos os lugares que descreve estão totalmente transformados. Senju, na primeira etapa da viagem de Bashô, é agora um distrito comercial, e Soka, onde passou a primeira noite de seu percurso, contém um projeto habitacional enorme. Mas a verdade das Sendas sobreviverá a estas mudanças".
O veterano e laureado poeta Robert Hass parafraseia Bashô desta maneira: "Evite adjetivos de escala, você vai gostar mais do mundo e desejá-lo menos." Após essa exortação, não tenho pequenas ou grandes expectativas. Sei que, ainda hoje, as eternas paisagens e os templos milenares podem encontrar-se ao longo da rota de Bashô; assim, o viajante de mente aberta pode vincular-se ao passado de maneira que nenhum tipo de interferência humana possa limitar. Ademais, a beleza se encontra não somente no que se observa com perspicácia compassiva, mas também à qual se conhece por ela mesma. Peregrinar a pé pelas antigas estradas agrícolas ou andar de automóvel no Japão do século 21, ficar à noite numa pousada perto dom monte Gassan ou em um bem montado hotel em Tóquio, eu procurarei refúgio na indispensável idéia de Bashô.
Conta-se que Bashô disse a um aluno, que só queria "conversar" com poetas chineses e japoneses do passado, definindo tal situação como uma "conversação com o fantasma e o futuro fantasma". Há quase um ano concebo minha viagem como uma espécie de conferência portátil, um diálogo contínuo com Bashô. Orarei para que haja clima favorável (viajarei durante a época de tufões), boas visões da lua e horas de silêncio para preencher meus cadernos. E passo a passo, me definirei alegremente como um futuro fantasma.
--
(**) haiku, no original. Entretanto, Bashô não praticava haiku, mas sim o haikai. Haiku virá a ser o nome dado por Shiki ao poema no início do século XX; consiste na junção de hai (de haikai) com ku (de hokku). NT
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Para ver o mapa da viagem de Bashô:
http://ngm.nationalgeographic.com/2008/02/bashos-trail/bashos-trail-interactive.html
Howard Norman
12-8- 2009
Tradução: Prof. José Marins
Na trilha do poeta
"Cada dia é uma viagem, e a viagem a própria casa", escreveu o poeta Matsuo Bashô faz mais de 300 anos na primeira anotação de sua obra prima, Sendas de Oku. Penso em suas palavras ao candidatar-me a caminhar atrás das pegadas deste reverenciado poeta ao longo de sua trilha: a rota de 2000 quilômetros que seguiu através do Japão em 1689. Confesso que imaginar fazê-lo é um tanto assustador. Minha falecida amiga Helen Tanizaki, lingüista oriunda de Kyoto, me disse uma vez: "Todos os meus colegas de escola podem recitar ao menos um dos poemas de Bashô de memória. Foi o primeiro escritor a quem lemos com emoção ou com seriedade". Hoje em dia, milhares de pessoas peregrinam à cidade natal de Bashô e ao seu mausoléu, depois de percorrer partes da Senda de Bashô. Depois de três séculos, suas Sendas, publicadas em inglês e em muitas outras línguas, são importantes para leitores de todo o mundo.
Dadas as incertezas e os duros clamores de hoje, é fácil identificar-se com a vaga inquietude da qual Bashô às vezes se queixava. Qualquer que fosse sua origem - Bashô levou uma vida turbulenta em um Japão em mudança - sua melancolia foi um elemento que se intensificou na maioria de seus poemas, além de ser parte do que, enfim, lançou-o a suas viagens.
Poucos detalhes se conhecem sobre sua infância, mas se crê que nasceu em 1644 na cidade fortificada de Ueno, ao sudeste de Kyoto. Seu pai, um samurai menor, ganhava a vida ensinando as crianças a escrever. Provavelmente muitos dos irmãos de Bashô se tornaram agricultores.
Não obstante, Bashô desenvolveu um gosto pela literature, talvez por ter se posto a serviço do filho do senhor da localidade. Aprendeu o ofício da poesia de Kigin, um poeta proeminente de Kyoto e, nos primeiros anos de sua vida, esteve exposto a duas influências duradoras: a poesia chinesa e os preceitos do taoísmo. Depois da morte de seu amo, Bashô começou a passar temporadas em Kyoto, praticando uma forma chamada haikai, que constituído de versos encadeados.
Nos tempos de Bashô, a primeira estrofe do haikai se converteu em uma forma poética particular: el hokku (**), cujos três versos, breves e sem rima, de cinco, sete e cinco sílabas, intentam capturar a essência da natureza. Bashô publicou seus primeiros haikais com vários nomes; cada um tinha um significado pessoal. Um deles, Tosei, ou "pêssego verde", era uma homenagem ao poeta chinês Li Po (ameixa branca).
Após completar 20 anos, Bashô mudou-se para Edo (hoje a velha Tokyo), uma cidade recém estabelecida que vivia uma grande mudança social e tinha uma população que crescia aceleradamente, um sistema comercial sólido e, para Bashô, uma oportunidade literária. Em alguns anos havia reunido o círculo de estudantes e mecenas que formaram o que chegou a ser conhecida como a Escola de Bashô.
Em 1680, um dos alunos construiu para o poeta uma cabana junto ao rio Sumida e, pouco depois, quando outro deles o presenteou com um talo da árvore basho (uma espécie de bananeira), o poeta passou a assinar com o nome com que ficou conhecido: Bashô. Em crônicas confiáveis de sua vida sustenta-se que durante este período lhe invadiram dúvidas espirituais e iniciou seus estudos do Zen Budismo. Seus pesares recrudeceram quando, em 1682, sua casa ardeu totalmente em um incêndio que acabou com grande parte de Edo, Bashô escreveu:
Cansado da cerejeira,
cansado de todo este mundo,
me sento frente a um saquê turvo
e ao arroz preto.
Em 1684, Bashô fez uma viagem de vários meses até o oeste saindo de Edo, que deu origem ao seu primeiro relato de viagens: Diário de um esqueleto abandonado à intempérie. As viagens então se faziam a pé e o alojamento era primitivo. Todavia, apesar dessas vicissitudes, partiu de novo em 1678 e pela terceira vez em 1678-1688; viagens que relatou na Crônica Kashima e no Manuscrito em um embornal. Bashô escreveu os dois textos em um gênero que ele mesmo refinou profundamente: o haibun, uma combinação entre prosa e haikai. As narrações poéticas de viagens e as extenuantes jornadas que as inspiraram fizeram a reputação de Bashô ainda mais brilhante.
No entanto, no outono de 1688, Bashô confiou a seus amigos que o mundo o angustiava. Exausto pelas incessantes exigências de seus alunos e por sua fama literária, dizia sentir as "brisas do mais além soprar sobre seu rosto". Começou a planejar sua peregrinação a lugares importantes por sua história literária, religiosa ou militar; lugares que desejava ver antes de morrer. Planejava sair nesse inverno, mas seus amigos, preocupados por sua saúde frágil, rogaram-lhe que ficasse até a primavera.
Finalmente, em maio de 1689, acompanhado por seu amigo e discípulo Sora e levando somente um bornal, materiais de escrita e mudas de roupa, Bashô iniciou sua viagem com a firme decisão de tornar-se um "hyohakusha" (aquele que viaja sem direção). Caminhou cinco meses e percorreu aproximadamente 2000 quilômetros pela colinas, os vales, as aldeias e as montanhas ao norte de Edo e ao longo do mar do Japão. Foi esta viagem, plena de maravilhosas anedotas, a que deu lugar à sua obra prima, Senda de Oku. "Era como se a própria alma do Japão ele tivesse escrito", disse no início do século 20, o poeta budista Miyazawa Kenji.
O livro é uma viagem espiritual, equivalente a percorrer o caminho do budismo, despojando-se de todas as posses mundanas e atirando o destino ao vento. Entretanto, a viagem material tinha um lado prático: Bashô ganhava a vida em parte como professor e, durante sua viagem, muitos discípulos de lugares distantes hospedavam com gosto o mestre e recebiam aulas de poesia.
Em 1694, o ano em que Bashô morreu, o famoso calígrafo Soryu escreveu: "Certa vez tinha arrumado meu agasalho de chuva, desejoso de empreender semelhante viagem, e fiquei contente só de imaginar aquelas vistas inusitadas. Quantos sentimentos, as jóias de Kojin, escreveram seu pincel! Que viagem! Que homem!"
Nos séculos posteriores, Bashô converteu-se em muitas coisas para muita gente: sábio boêmio, artista marginal, caminhante inveterado, santo venerado e, sobretudo, poeta imortal. Em suas Sendas, Bashô tece magistralmente o humor depreciativo de si mesmo, os detalhes logísticos, a disciplina budista, a descrição pictórica e, inclusive, a queixa irreverente ("Piolhos e pulgas -/ perto de meu travesseiro/ os cavalos mijam"). Ao mesmo tempo, seu livro oferece um mapa espiritual sortido e atemporal para o viajante. Helen Tanizaki algumas vezes descrevia Bashô assim: "É como um extravagante guia de turistas e filósofo que permite aos leitores experimentarem por si mesmos as viagens àqueles lugares remotos. Em vez de intentar descrever as coisas, somente sente a obrigação de tomar nota delas, como em um imenso esforço de vinculação".
Enquanto visto meu próprio agasalho e me ponho a caminhar atrás das pegadas de Bashô, não guardo ilusões de estar pronto para percorrer o Japão antigo da Sendas. Como afirmou o acadêmico Donald Keene: "Todos os lugares que descreve estão totalmente transformados. Senju, na primeira etapa da viagem de Bashô, é agora um distrito comercial, e Soka, onde passou a primeira noite de seu percurso, contém um projeto habitacional enorme. Mas a verdade das Sendas sobreviverá a estas mudanças".
O veterano e laureado poeta Robert Hass parafraseia Bashô desta maneira: "Evite adjetivos de escala, você vai gostar mais do mundo e desejá-lo menos." Após essa exortação, não tenho pequenas ou grandes expectativas. Sei que, ainda hoje, as eternas paisagens e os templos milenares podem encontrar-se ao longo da rota de Bashô; assim, o viajante de mente aberta pode vincular-se ao passado de maneira que nenhum tipo de interferência humana possa limitar. Ademais, a beleza se encontra não somente no que se observa com perspicácia compassiva, mas também à qual se conhece por ela mesma. Peregrinar a pé pelas antigas estradas agrícolas ou andar de automóvel no Japão do século 21, ficar à noite numa pousada perto dom monte Gassan ou em um bem montado hotel em Tóquio, eu procurarei refúgio na indispensável idéia de Bashô.
Conta-se que Bashô disse a um aluno, que só queria "conversar" com poetas chineses e japoneses do passado, definindo tal situação como uma "conversação com o fantasma e o futuro fantasma". Há quase um ano concebo minha viagem como uma espécie de conferência portátil, um diálogo contínuo com Bashô. Orarei para que haja clima favorável (viajarei durante a época de tufões), boas visões da lua e horas de silêncio para preencher meus cadernos. E passo a passo, me definirei alegremente como um futuro fantasma.
--
(**) haiku, no original. Entretanto, Bashô não praticava haiku, mas sim o haikai. Haiku virá a ser o nome dado por Shiki ao poema no início do século XX; consiste na junção de hai (de haikai) com ku (de hokku). NT
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Para ver o mapa da viagem de Bashô:
http://ngm.nationalgeographic.com/2008/02/bashos-trail/bashos-trail-interactive.html