O haicai
Típico poema japonês, hoje disseminado pelo mundo, o
haicai como é chamado no Brasil, haicu em japonês e outras
línguas estrangeiras, é o poema de três versos que deve obedecer
a rígida forma do chamado 5/7/5, ou seja cinco sílabas poéticas
no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro.
Quando não obedecida esta regra fundamental, não se pode falar
em haicai. As sílabas métricas são contadas como nas poesias
brasileiras.
Sua construção é bastante sutil, por ser forma de pensar
oriental, bem diversa da nossa.
Seu tema é sempre a natureza e o momento atual; não
admite o passado. A intenção do autor, além de transmitir fato
da natureza, vai além. Procura dar um breve toque de sabedoria,
fato característico na cultura oriental. Flui muito bem nas mãos
de quem o domina. Talvez o brasileiro que melhor compôs haicais
tenha sido Guilherme de Almeida.
O haicai nada tem a ver com o poetrix, embora possa ser
confundido pelos que não estão atentos. A arte desta variante
poética é escrever pouco e se expressar muito, enquanto no
poema japonês o importante é o momento presente e a sutileza.
Podemos notar como o haicai é delicado usando um
feito por Basho, talvez o maior de todos poetas que utilizaram
o gênero:
" a velha poça -
um sapo pula dentro:
som de água."
Pode parecer estranho ao ocidental ainda não
acostumado com o poema. Mas o autor usou um recurso fino,
difícil. No Japão o coaxar do sapo é muito famoso. Basho
emudeceu o sapo e deu valor ao som que ele fez quando caiu
n'água. Convém observar a métrica exata(contada sem obedecer a última sílaba tônica, ao contrário da contagem brasileira) e o motivo: o tempo e a natureza.
Finalizando, o haicai dispensa título, letras maiúsculas e
pontuação. Mas o uso pode embelezar bastante o poema, como
uma bem colocada e discreta rima.
Tentei um:
Encontra no outono
na serra a fenda na pedra
água cristalina!