Modalidades de Cordel 1
O cordel é uma evolução da da trova feita pelos cantadores europeus. Aqui no Brasil foi criada a sextilha, setilha e décima. Todos esses estilos são feitos em redondilha maior ou versos heptassílabos (7 sons poéticos). O cordel não aceita rima toante e não se tem quantidade de versos para um poema.
EXEMPLO DE SEXTILHA:
"Sofri muito nesta vida
por sentir que a caridade
me deu tchau de despedida,
indo para outra cidade
e deixou meu coração
lamentando, com saudade."
EXEMPLO DE SETILHA:
"O governo bate em nós
tão silenciosamente
que nem vemos no momento
o veneno da serpente
agindo na escuridão,
roubando da nossa mão
nosso pão, infelizmente."
EXEMPLO DE DÉCIMA:
"A Luana, minha amada,
por quem tenho muito afeto
não entende o dialeto
e me diz que não é nada;
ela tem jeito de fada,
carrapicho, companheira,
dá pra mim paixão arteira
com os seus olhos de lua:
há paixão que perpetua
com carinho a vida inteira."
Dentro dessas três formas de se compor cordel há outros estilos, como o mourão, quadrão perguntado etc. Tem também a décima com mote (isso só serve para a décima) e o que se muda são as glosas:
Mote: é o assunto. Geralmente são os dois últimos versos de uma décima ou o último. Contudo, pode-se pôr o mote em outro lugar dentro da estrofe.
Glosa: é os oito versos de uma décima, tirando o mote.
O que não podemos nos esquecer é que o cordel tem uma característica básica: todas as estrofes do mesmo devem ter a mesma forma. Ou seja, se for sextilha, todas as estrofes precisam ser escritas em sextilha; se for escrito em décima todas as estrofes precisam ser décimas.
O que nos é livre no cordel é o tema, porque ele aceita qualquer tema: seja cômico, político, social, romance etc. Também não há quantidade de estrofe. O poeta que decide quantas estrofes o seu cordel terá.
OBS: a sextilha, setilha e décima postadas neste post são de minha autoria e as fiz de sopetão enquanto escrevia só para servir de exemplo.