Meta-tautogramas (em T e M)

1) TAUTOGRAMOMANIA (Meta-tautograma em T)

Tadeu trocava tautogramas. (Tungava também.) Tinha trocentos, trancafiados. Todavia, todos toscos, tenebrosos. Tipo:

“Tímida tartaruga turca tomava todas.”

Tolices terríveis!

Terça, Tadeu, tenso, telefonou:

- Teresa?

Teresa, trapaceira traquejada, traficava tautogramas timorenses. (Tudo trambique.) Tadeu, tapado, topava.

- Teresa, trouxeste tautogramas?

- Trouxe, Tadeu.

- Timorenses? Tanzanianos traduzidos? Talvez teus?

- Timorenses, Tadeu. Todos timorenses.

- Tu trouxeste três? Trinta?

- Tampouco. Trouxe trezentos.

Transido, tartamudeou:

- Tre-tre-trezentos tautogramas?? Trollagem!

- Trezentos, Tadeu.

- Todos timorenses?

- Todos timorenses.

Tadeu transpirava transtornado, tresloucado. Tão tonto, tateou, tropeçou, tombou. Travado, tremia totalmente. Teve três taquicardias terminais.

Tentaram todos tratamentos: tonificantes, traqueostomia, transfusões, talismãs...

Tudo tardou. Tragédia. Tadinho, Tadeu... Tristeza.

Túmulo testificou: “Taí Tadeu, tautogramista tarado.”

* * *

2) META-TAUTOGRAMOMANIA (Meta-meta-tautograma em M)

Marina, meticulosíssima, memorizava meta-tautogramas minúsculos. Minuciosamente. Muitos meta-tautogramas. Milhares, mas muito medíocres:

“Meta-tautogramas menores melindram menos mamutes.”

Micos medonhos!

Mauro municiava-a. Manufaturava-os, mas – mercador malandro – mentia: “muamba”. Mostrava maleta, mostruário monstruoso:

- Moçambique, Macau, Malaca...

Marina mirava-os maravilhada.

Magistrais? Mal-e-mal. Meramente medianos:

“Militares muquiranas manobraram meta-tautogramas mutilados.”

Material mequetrefe. Mas Mauro, matreiro, multiplicava-os maquinalmente.

Mauro, mercenário, monopolizava mercado.

Mandou mensagem MSN:

- Meta-tautogramas magníficos.

Mascarava-os. Mas Marina, miolo mole, mendigava metodicamente:

- Maravilha! Manda! Manda mais! Muito mais!

- Madame manda. Minutinho...

Maliciosamente, Mauro manjava: “moleza...”

Menosprezava-a: “minha mentecapta”.

Meses, meses, manipulando-a.

Março, milagrosamente motivado, Mauro mudou. Manuscreveu meta-tautograma maior (media meio metro!). Muito melhor, maduríssimo. Monumental, meritório. Momento mágico.

Mas... mancada: marginal meteu mão!

- Maldito! Merda!

Miserável, Mauro mandou MSN:

- Marina, meu mega-meta-tautograma...

- “Meu”??

- Mmmm-moçambicano, moçambicano! Melou! Meteram mão!...

- Misericórdia!... – murmurou.

Mal-estar. Marina murchou, melancólica, mortificada, muda. Mal mexia-se. Meningite? Metanfetaminas?

Mutirão: médicos medicaram-na. Medicamentos mil. Momentos melodramáticos. Meditações, missionários, médiuns, macumbas, mandingas...

Madrugou morta.

Morgue mumificou-a.

Museu mortuário mostra-a:

“Marina, meta-tautogramista maluca. Morte - motivo: meta-tautogramomania mórbida.”

Moral: meta-tautogramomania mata.

* (Meta-meta-tautogramou: Marquinhos Maracangalha, museólogo mineiro.)

* * *

3) META-META-TAUTOGRAMOMANIA (Meta-meta-meta-tautograma em M)

Marquinhos Maracangalha, museólogo mineiro, manuseava meta-meta-tautogramas...

...

Igor Tanen
Enviado por Igor Tanen em 04/11/2015
Reeditado em 05/11/2015
Código do texto: T5437599
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