FIGURAÇÕES

Velhos sonetos que me vêm de um anjo

e eu não reputo meus. Sou o instrumento

de incontido e abortivo pensamento

que apenas solto ao mundo, ao mundo esbanjo.

Ó invisíveis razões do meu arcanjo,

que me utiliza o sonho e o sentimento,

para abrir as vazões a um elemento

que o soneto me impõe em velho arranjo...

É uma persiguição de noite e dia

que move ao meu espírito a Poesia

nessa exigência de figurações!

E não sei se o bendigo, ao anjo-insônia

que se confunde em mim sem cerimônia,

para o registro das contemplações...