Metamorfose
E vejo quão tristonha é a solidão
de quem não tem sequer com quem falar:
o pânico se instala, devagar,
e assim, sutil, transforma em mundo-cão
o paraíso que eu quis construir
alicerçado nesse nosso amor...
Ah! Grande amor que agora é um mar de dor
onde eu naufrago o meu pobre existir!
O ser sentimental que habita em mim
metamorfoseou-se, sem querer,
num reles, rude, triste ser chorão.
Eu fico a verter lágrimas sem fim
e choro esta loucura de viver
amarguradamente sem razão.