SONETO AO LUAR

Atrás da lagoa a lua se desleixa

e sobre as ondas o cabelo solta

e afunda na impérvia escuridão; deixa

a noite enlutar a água revolta.

Teu brilho agora é vão,

já beijou-te o orvalho a face;

teu seio branco viu toda ilusão

que um'alma na ventura não buscasse.

Vai, voa na esteira da azúlea esfera,

embala-te na amplidão gozando os mares

e emprenha-te, em comunhão, de infinito.

Abençoado teu ventre que espera;

e beije-te o colo, no pecado de voltares,

mais um soneto que pra ti deixei escrito.

Chaplin
Enviado por Chaplin em 15/05/2008
Código do texto: T990747