SONETO AO LUAR
Atrás da lagoa a lua se desleixa
e sobre as ondas o cabelo solta
e afunda na impérvia escuridão; deixa
a noite enlutar a água revolta.
Teu brilho agora é vão,
já beijou-te o orvalho a face;
teu seio branco viu toda ilusão
que um'alma na ventura não buscasse.
Vai, voa na esteira da azúlea esfera,
embala-te na amplidão gozando os mares
e emprenha-te, em comunhão, de infinito.
Abençoado teu ventre que espera;
e beije-te o colo, no pecado de voltares,
mais um soneto que pra ti deixei escrito.