Primo vilancete
À cheirosa mão,
- Barato!! - Gracejou o cego:
- ...Os olhos da cara!
Posta a um sopro azul,
Uma flor em seus fios loiros
Cai de um flamboyant.
Procurando pouso,
Junto à borboleta ao vento,
Quase um pensamento!
Vida minha, das lágrimas que extraio,
Por comovente verso lisonjeiro,
Prefiro de palhaço ao riso, e beiro
A cambalhotas líricas de Maio!
...Sem flores porque já têm o teu cheiro!
E no sóbrio retorno à Infância, eu caio,
A fingir nos teus braços um desmaio
...Longe de ser o afago derradeiro!
E já me acorda, rindo, a fazer graça:
– "O belo adormecido"? – E logo passa
O desmaio fingido, e me endireito!
...De leve, pondo minha mão no peito
(Mas qual será?), A abrir teus olhos (sem jeito)
...Para entrever o orvalho que te abraça!
a 14-05-08