DOR DE MÃE

Vejo o corpo esquelético e tísico

Que na vida já é cadáver feito

Deserdado do arrimo e do peito

Só a fome transcende do seu físico

O que outrora talvez sonho narcísico

Já nem forças que o ergam do seu leito

Forma a mãe deste retrato perfeito

A moldura que envolve o raquítico

Quem lhes dera do pão que sobra ao fausto

Ao seu corpo moribundo e exausto

Uma mísera migalha do sabor?

Saciada quem sabe a mãe partisse

Ou um anjo, gritando, ao céu subisse:

- Dor do filho é da mãe a maior dor.