MEU POETAR
Que seria de mim, do meu poetar tristonho,
Se o ontem não deixasse o soneto na lira?
Eu cantaria o quê, no registro do sonho?
Que pano vestiria? O brim o a casimira?
Em sol maior, em dó ré mi, sempre se inspira,
A terna fantasia. E a mente aí disponho,
Sem mais alternativa. A rude macambira
Do meu rude sertão é dona do meu sonho...
Não sei de trato em mel, se não de flor e abelha;
Não sei de outra vindima, além de mosto e uva;
De luz não tenho a mais que a da longínqua estrela...
Trabalho meu soneto e só. E só e apenas.
Por sorte não o consome a cigarra ou a saúva,
E eu Deixo que ele vá, nas asas das falenas...
21-04-08, 21h