ESTE É O MEU FARDO
Fecha-se toda a luz em minha face,
olho-me e tenho saudade de mim.
Quem me vestiu de nudez, que arlequim
bebe a cinza do carnaval que nasce?
Tenho a distância triste de uma estrela
e sinto tudo que ela espia em cada curva;
entre o monólogo sem som que me flagela
e o limbo, está soterrado o eco que me turva.
Murchei de um girassol à noite plena
e acaricio e beijo estátuas naufragadas
de insabidos vãos sepultados no meu ego.
Cairão sob os ventos as folhas da açucena
sem ofertar néctar, pólem, nada, nada ?
Terei nascido triste, é o fardo que carrego?