A ILUSAO DAS PALAVRAS

Sonho os rastos dos teus pés em nossa areia

e afasto-me de mim sem de todo ausentar-me.

Na treva da distância uma treva é que se alceia

e mastigo o último dinar em ouro e carne.

Sob a sede de um sol suarento a tarde nos semeia

e somos hóspedes da esfinge no seu charme.

Vai criando sombras e bruxuleante a noite cheia

amanhecerá bêbeda de areia sem alarme.

A ti, quem quer que foras, e de onde vieras,

eu diria meu soneto de incerto colorido

porque em ti escondo alguém que não me sabe.

Como posso caber eu, de ausências e quimeras,

nesse lago de lástimas que me lanço diluído

se nem tua surda composição de lágrimas me cabe?

Chaplin
Enviado por Chaplin em 06/05/2008
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