ESPERANÇA
Não há quem possa imaginar o gozo
da tua voz me acariciando o ouvido,
divino transe que me põe ansioso
a adivinhar o rosto tão querido.
Ah, tempo ingrato, tempo amargoso
que me elegeu função do teu olvido
quando meu peito arfava desejoso
de ser a taça do amor bebido!
Como me foi, o fardo, ominoso,
do esquecimento que, empedernido,
roubou-me a luz do teu rosto mimoso.
Rosto que, agora, restabelecido
tenho na mente no ato extremoso
do teu alô de esperança vestido.