SONETO BRANCO
Lílian Maial 


O meu soneto inveja o verso branco.
Atado às regras, sons e simetria,
não tem todas as cores da alegria,
que o outro esbanja a um simples solavanco. 


Pintei de azul poema saltimbanco.
De roxo, algumas rimas de agonia.
O verde das florestas, sem magia,
E o amarelo fosco, amigo e franco. 


Por que ter um soneto de uma cor,
se o branco engloba tudo, como o amor,
somando as tintas todas da paleta? 


Assim, o meu soneto, sem ciúme,
pisca palavras, feito um vaga-lume,
reflete o arco-íris da caneta!

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30.04.08