SE TEUS PÉS
Quando piso esta rua vivo a expectativa
de que teu riso volte a iluminar a tarde,
a mesma tarde quente que sustenta viva
essa ilusão de amor que no meu peito arde.
Eu cobro o riso lindo que, em convulso alarde,
minha esperança foi de amor, e fez cativa
minha alma amargurada e, em sua ingenuidade,
falsa depositária de vontade esquiva.
Ah, se teus pés quisessem de novo pisar
as pedras dessa rua que foi testemunha
do desencanto meu, da dor e do chorar.
Mais uma vez, então, em teu colo depunha
todo querer no peito meu a sufocar,
exterminando a mágoa que me acabrunha.