SONETO A NICOLAU TOLENTINO

"Mas, se ainda aqui me segue a desventura,
Cedo ao meu fado, e vou co´a palmatória
Cavar num canto da aula a sepultura".
                                              
                                                     Nicolau Tolentino





Divino Nicolau, que a palmatória,
"triste insígnia de mestre de meninos",
comigo partilhaste... Dois destinos
opostos nos fadaram: tu, à glória

imorredoura dum lugar na História,
e eu, à vil condição de valdevinos.
Ah, meu amigo, quantos Tolentinos
como eu caíram nesta luta inglória!

Sem serem bafejados da ventura,
quantos foram cavar a sepultura
a um canto d ´aula em desesperação!

Deles ficou somente o esquecimento...
Não tinham, Nicolau, o teu talento
de mestre de meninos pedinchão!