(com as mesmas consoantes)

XXII

Vontade de escrever quatorze versos...

Pobre do Poeta!... É só pra disfarçar...

Andam por tudo signos diversos

Impossíveis da gente decifrar.

Quem sabe lá que estranhos universos

Que navios começaram a afundar...

Olha! os meus dedos, no nevoeiro imersos,

Diluíram-se... Escusado navegar!

Barca perdida que não sabe o porto,

Carregada de cântaros vazios...

Oh! dá-me a tua mão, Amigo Morto!

Que procuravas, solitário e triste?

Vamos andando entre os nevoeiros frios...

Vamos andando... Nada mais existe!...

(Mario Quintana)

Aos R.G.s que não tenho

Saudade de escrever quatorze versos...

Compondo hai-kais, mais pra disfarçar...

(Um, dois, três, quatro, cinco... São diversos:

Nipônicos demais pra decifrar...)

E eis um país de vários universos,

Tão cheio de p(r)o(f)etas a afundar

Nas cachoeiras líricas de imersos

Irmãos que recusaram navegar!

Rubro lenço perdido n'algum porto,

Para onde vão os cânticos vazios

De algum lava-pés, quando estiver morto?

E eu nem sei Italiano – ma che triste...

E ai dos cancioneiros de pães frios,

Porque o mundo lá fora ainda existe.

a 18-04-08