TORMENTO
Como dizer-te o que me vai no peito,
se temo tanto te ferir o senso?
Por mais que pense não encontro o jeito
de te dizer o que, em verdade, penso.
No peito ansioso a suspeição estreito
de que não saibas como é extenso
dessa paixão o tortuoso leito,
barco à deriva em oceano imenso.
Mas, mesmo assim, vou insistir no intento
de revelar-te, um dia, todo o ardor
desse desejo que é o meu tormento.
E se o retorno do que almejo for
a festa que anda no meu pensamento,
brindando à vida fino-me de amor.