TORMENTO

Como dizer-te o que me vai no peito,

se temo tanto te ferir o senso?

Por mais que pense não encontro o jeito

de te dizer o que, em verdade, penso.

No peito ansioso a suspeição estreito

de que não saibas como é extenso

dessa paixão o tortuoso leito,

barco à deriva em oceano imenso.

Mas, mesmo assim, vou insistir no intento

de revelar-te, um dia, todo o ardor

desse desejo que é o meu tormento.

E se o retorno do que almejo for

a festa que anda no meu pensamento,

brindando à vida fino-me de amor.

Edmilson da Silva
Enviado por Edmilson da Silva em 17/04/2008
Código do texto: T950116