ATENDE À VIDA
Deixa bimbalhar teu coração e segue adiante;
que bata, como vivo pêndulo que carrega
em cada badalada tua alma errante.
Acorda! Atende à Vida! Não te entrega!
Se amargas a paixão de que um dia foste amante,
se em tortura tantálica hoje sem palinuro navega
tua nau e, só, te afundas na caligem de Dante...
Acorda! Perdoa a pedra, o espinho que te cega!
Se trazes remorso brumal, qual aguilhoado abutre,
e crocitas ódio da fonte amara que te nutre,
volve tua ira, desguia o gume com que estilas pus,
revolta, a fúria que ervada te entontece;
deixa pungir-te o seio, cala-te e perdoa e, prece.
Dize não à dor: Bendita sejas! E fruirás da Luz!