POR QUÊ?
Por que meus olhos, ressequidos, já não choram
Embora em mim a tristeza já fez morada...
Por que o meu canto triste, na madrugada,
E os meus braços, por teu abraço, imploram?
Por que meus passos seguem nessa direção
Do que já não existe mais em meu caminho?
Por que meu coração insiste em ser sozinho
Conquanto esteja ainda atado a essa paixão?
Por que a lágrima contida, que não cai
Quando meus versos já não têm o mesmo encanto
E esse ardente amor tornou-se improvável?
Por que me arrasto a esse fracasso inevitável
Me anulando, na medida, tanto quanto,
Eu busco em mim a poesia que se esvai?