Anjo de mármore
Deitado sobre as asas, delicada pluma,
Na serenidade, num mar de pura paz...
Medita sobre a humanidade toda... e jaz
Um anjo petrificado... que não se apruma...
Algum artesão o fez de mármore rígido...
Mas com tal harmonia! com tal perfeição!...
Que se apaixonaria... ó Pigmalião!...
Mas o anjo sempre jazendo... lânguido, lívido...
Um dia, sobre ele cai uma velha folha,
Do velho carvalho que o amava há uma centena
De décadas, como um Shakespeare sem escolha...
Vendo a triste rigidez do anjo, deu-lhe a pena
Em que se transformara sua folhinha a voar...
E o anjo voa além da capela do altar...