sem meias bocas...
É de raiva e ciúme a minha boca,
de tempo de segredos e de traças,
de chuvas leves e densas brumaças
que enegrecem o céu da minha boca.
É de branco e é de espadas esta boca,
roca onde fio alinhadas palavras,
sementes que pranto nas minhas lavras,
em cantos que desfiam nesta boca.
Sustento-a, assim, de ti exilada!
Por detrás desta boca que são grades,
morrerei p’las ruelas das saudades,
onde não se alcança a velha Lisboa,
nem o cais nem o Tejo ou a canoa
que sem vela, me enleva condenada.