Cheiro de vida
Que cheiro bom tem a vida quando nos convida;
Rega de perfumes raros os momentos simples,
Tem um cheiro que entra pelos poros quando na lida
Faz as lembranças tenras volitarem em matizes.
De funestos perfumes estremeceu-me sem pudor
Quando o que mais queria era saborear esperanças.
Concedeu-me aromas de anjos, no mais escuro desamor,
Teceu-me ela uma mortalha perfumada de danças
Que pela vida carreguei entre o ócio e o labor.
Apresentando a muitos o lado doce da minha face
Algumas vezes desnudo pela irremediável dor.
Atrevida e envolta em cheiros que me marcaram;
Guardei de cada um uma recordação boa ou cruel,
Pois desses cheiros meus passos a vida sulcaram.